A paisagem política de São Paulo nunca foi tão mutável e imprevisível quanto a que observamos neste ano de 2024. A pesquisa Quaest mais recente nos oferece um panorama de intensas reviravoltas, onde a retirada de Pablo Marçal do pleito catalisou um crescimento exponencial para o atual prefeito Ricardo Nunes. Ao mesmo tempo, Guilherme Boulos encara uma jornada repleta de desafios para se consolidar como uma alternativa viável no segundo turno.
Importância dos Indecisos
Os eleitores indecisos, que representavam 72% em junho e agora caíram para 68% nessa última pesquisa espontânea, continuam sendo um segmento crucial. Boulos precisará intensificar seus esforços para se tornar mais conhecido e conquistar esses eleitores. A tarefa é ainda mais desafiadora considerando que Nunes, como atual prefeito, possui a vantagem da máquina pública, facilitando sua visibilidade e conexão com o eleitorado.
A exponencial ascensão de Ricardo Nunes
Ricardo Nunes, que já mostrava um desempenho robusto, teve seu favoritismo reforçado com a saída de Pablo Marçal. A lacuna deixada por Marçal resultou em uma migração de eleitores para Nunes, que agora desponta com impressionantes 45% das intenções de voto em um cenário de segundo turno contra Boulos, que amarga 32%. É uma escalada notável que sublinha não apenas a capacidade de Nunes de absorver eleitores indecisos, mas também sua força em consolidar a base previamente conquistada por Marçal.
Na análise da avaliação de seu governo, Nunes mantém uma posição relativamente favorável. Com 36% de avaliação positiva e 33% negativa, ele se destaca em um comparativo com a gestão estadual de Tarcísio de Freitas e a federal de Lula e Bolsonaro. Este é um indicativo claro de que sua administração está conseguindo ressoar bem com uma parcela significativa do eleitorado.
Os desafios de Guilherme Boulos
Guilherme Boulos, por outro lado, navega em águas turvas. A rejeição a seu nome permanece alta, com 40% dos eleitores afirmando que não votariam nele de maneira alguma. Ao mesmo tempo, ele é conhecido e aprovado por apenas 36% dos eleitores, e 24% ainda desconhecem sua trajetória política. Estes números apontam para a necessidade urgente de Boulos em não apenas ampliar sua visibilidade, mas também mitigar a rejeição que enfrenta.
Boulos precisa, mais do que nunca, conquistar o eleitorado indeciso e unificar a esquerda. A pesquisa mostra que o número de indecisos caiu de 72% em junho para 68% em julho, o que ainda representa uma fatia significativa do eleitorado a ser trabalhada. No entanto, Boulos enfrenta a desvantagem estrutural de não estar no comando da máquina pública, algo que Nunes pode explorar amplamente a seu favor.
A Influência de Datena e a disputa equilibrada
A presença de Datena na disputa também é um fator que mantém a corrida equilibrada. Datena, com seu próprio grupo de seguidores fiéis, impede que a eleição se concentre completamente entre Nunes e Boulos, criando um cenário onde múltiplos candidatos têm chances de influenciar o resultado final. Esta dinâmica torna a eleição ainda mais imprevisível e competitiva.
Datena: competitivo, mas com alta rejeição
Outro dado interessante revelado pela pesquisa é a posição de Datena. Embora enfrente uma rejeição de 48% — a mais alta entre os candidatos — Datena ainda é visto como um competidor viável, com 42% dos eleitores afirmando que votariam nele. Este paradoxo sugere que, apesar de seu teto eleitoral ser limitado pela alta rejeição, Datena ainda mantém uma base sólida de apoiadores. Sua estratégia terá que se concentrar em atrair eleitores de outros candidatos para aumentar suas chances.
O desempenho abaixo do esperado de Tabata Amaral
Tabata Amaral, por outro lado, apresenta um desempenho abaixo do esperado. Com apenas 20% dos eleitores afirmando que a conhecem e votariam nela, sua campanha enfrenta dificuldades em ganhar tração. A falta de visibilidade e a necessidade de construir uma base de apoio mais ampla são desafios que sua campanha precisa enfrentar de maneira urgente.