Presidente falou de improviso em cerimônia de anúncio de novos projetos do PAC Seleções, no Palácio do Planalto. Na opinião dele, o povo não pode ser vítima da “pequenez política”
Em seu discurso durante o anúncio de novos investimentos do PAC Seleções, realizado no Palácio do Planalto nesta sexta-feira (26), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu ênfase à parceria com estados e municípios para a realização de obras e para a implementação de políticas públicas. Lula afirmou que o Governo Federal não escolhe destinos de recursos e esforços a partir das afinidades políticas e partidárias, e sim com base nas prioridades e carências das populações locais.
Dirigindo-se à plateia, composta de governadores, governadoras, prefeitas e prefeitos, Lula iniciou seu discurso, sem ajuda de texto escrito, explicando o modo que, segundo ele, tem adotado para governar:
“A gente chama [vocês] porque é importante trazer o Brasil de volta à civilidade. Significa que os entes federados precisam construir parcerias, trabalhar juntos. Significa que um precisa do outro. Significa que juntos podemos fazer muito mais do que separados. Nós queremos dizer: o Governo Federal, em parceria com o governo do estado, em parceria com os municípios, está fazendo tal coisa”.
Lula criticou uma postura tradicional que leva governantes a quererem a todo custo deixar suas marcas pessoais em obras, mesmo que isso custe a interrupção de projetos que dão certo. Para o presidente, seu governo está mudando essa prática, e o motivo principal é “respeito ao povo”. Segundo Lula, a política brasileira, em que “a elite nunca se preocupou com a população”, tem sido marcada pela lógica do compadrio, em que parte dos governantes escolhe atender apenas governadores e prefeitos de que gostam.
O PAC Seleções, objeto da cerimônia desta sexta-feira, tem como princípios a escolha de projetos de infraestrutura que são enviados por estados e municípios e a urgência que têm cada ente federado para que as obras sejam iniciadas. Para estados com maior capacidade financeira, conforme explicaria Lula em trechos finais de seu discurso, o Governo Federal oferece financiamento e, em casos de cidades e estados com menor disponibilidade de caixa, recursos orçamentários podem ser injetados diretamente.
“A gente resolveu mudar a lógica [do compadrio]. O que nos dá o direito de andar de cabeça erguida é que a gente não prioriza o governante, a gente prioriza a importância da obra e o benefício que essa obra leva para a população, independente se o prefeito é corintiano, são-paulino, palmeirense, ou flamenguista ou botafogo. O que me importa é se a obra é necessária, se o projeto é bem feito e se a obra é de interesse do povo. Aí, quem apresentar projeto, vai receber recurso”, afirmou Lula.
Ele disse que tem constatado, em viagens pelo Brasil, que obras iniciadas por ele e por Dilma Rousseff foram interrompidas e abandonadas após a saída deles da Presidência da República. “Isso é triste. O que o povo tem a ver com isso? Como o povo pode ser vítima dessa pequenez política?”. Lula prosseguiu em seu discurso destacando que ainda permanece um critério seletivo que faz governantes menosprezarem lugares onde não vivem ou viveram. “Um critério imbecil num país que precisa tanto do Estado”, criticou.
Esse critério, segundo Lula, é uma das razões para que parte da população permaneça na pobreza. Na opinião do presidente, a mudança de tal mentalidade pode levar o país a novo patamar de desenvolvimento.
“O Brasil era um país onde as pessoas eram predestinadas a ser pobres”, disse. E contrapôs: “A pobreza não é um fenômeno da natureza. Não está escrito que a pessoa nasceu para ser pobre ou para ser rica. O que está escrito é que se o Estado criar as condições para que todos tenham oportunidade, tenham a mesma informação, os mesmos conhecimentos, a gente pode fazer uma mudança radical na sociedade brasileira”. Adiante, Lula disse: “Dá uma oportunidade ao pobre, como o povo deu a este pernambucano aqui, e ele vira presidente da República”.
Lula afirmou ainda que o lançamento desta sexta-feira é um chamado ao trabalho compartilhado entre União, estados e municípios. “Esse lançamento é uma convocatória para que a gente possa trabalhar junto. Para a gente compartilhar”. O presidente conclamou as prefeituras a contratar mão-de-obra local, para movimentar a economia e diminuir as dificuldades dos trabalhadores. E insistiu com prefeitos e governadores: “Reservem um pouco do orçamento para os pobres”, disse.
Por fim, o presidente disse estar confiante. “Eu me considero um cidadão pleno. Eu estou, espiritualmente, de forma extraordinária, pensando como é que a gente vai poder viver feliz neste país”. Lula disse acreditar na manutenção do progresso econômico e prometeu que o Brasil sairá novamente do Mapa da Fome da ONU até 2026, final do atual governo. Disse que a melhoria da vida no país deve ser a maior razão para alguém ingressar na política. Ao falar da busca das pessoas por uma vida melhor, resumiu: “O peão quer ter uma chance”.
Publicado originalmente pela Agência Gov em 26/07/2024 – 13h49
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