Sambista Ivone Lara é homenageada por seu trabalho à saúde brasileira

Enfermeira e pioneira no tratamento humanizado, sua trajetória de dedicação e inovação no Ministério da Saúde inspira gerações no Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha / Acervo Dona Ivone Lara

Nascida em uma época em que o acesso à saúde era ainda mais desafiador para a maioria dos brasileiros, Ivone Lara se tornou uma valiosa colaboradora do Ministério da Saúde durante seus 37 anos de serviço. Como enfermeira dedicada, ela não apenas desempenhou suas funções com excelência, mas também se destacou como uma defensora incansável do tratamento psiquiátrico humanizado.

Conhecida como Dona Ivone, ela nasceu na capital fluminense em 13 de abril de 1922 e ingressou aos 17 anos na faculdade de enfermagem da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UniRio). Posteriormente, especializou-se em terapia ocupacional com a médica Nise da Silveira, psiquiatra que revolucionou o tratamento das pessoas com problemas mentais no Brasil.

Além de sua dedicação à saúde, Dona Ivone Lara era também sambista, apelidada de ‘Grande Dama do Samba’, sendo a primeira mulher a assinar um samba-enredo no carnaval brasileiro. No Instituto de Psiquiatria do Engenho de Dentro, no Rio, onde trabalhava desde os 25 anos, ela foi pioneira ao usar a música como abordagem terapêutica para tratar e acolher seus pacientes.

Quadro que retrata dona Ivone, em exposição no Ministério da Saúde / Matheus Damascena / MS

Durante seus anos de serviço, testemunhou e participou de muitas transformações no sistema de saúde brasileiro. Sua carreira foi marcada por um compromisso inabalável com o cuidado dos pacientes e pela luta constante por melhores condições de tratamento. Sua experiência e conhecimento tornaram-se referência dentro do Ministério, contribuindo significativamente para a construção de políticas de saúde mental mais inclusivas e eficazes. Ela trabalhou com a médica Nise da Silveira no hospital psiquiátrico do Engenho de Dentro, que foi um dos pilares da reforma psiquiátrica que se consolidaria a partir dos anos 1980 e 1990, com a implementação do SUS.

A defesa do tratamento psiquiátrico humanizado foi um dos marcos de sua carreira. Dona Ivone Lara acreditava que a saúde mental merecia a mesma atenção e respeito que qualquer outra área da medicina. Assim, promoveu a integração de abordagens terapêuticas que respeitassem a dignidade dos pacientes, lutando contra o estigma e o preconceito associados às doenças mentais.

A dama do samba e ex-funcionária da Saúde faleceu em 2018, aos 96 anos, deixando um legado de dedicação, profissionalismo e amor ao próximo. Sua trajetória inspira não apenas seus colegas de profissão, mas também todos aqueles que acreditam em um Sistema Único de Saúde (SUS) mais justo e humano. Ela é alguém que merece ser lembrada nesta quinta-feira (25), no Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.

Na celebração dos 71 anos do Ministério da Saúde, Dona Ivone Lara é um exemplo inspirador de profissional que fez a diferença na vida de tantas pessoas.

Com informações do Ministério da Saúde

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