Exclusivo:”Já sumiu um que foi com a Dona Michelle”

@graciellastarling/Instagram/Reprodução

Até tu, Michelle?

O relatório da Polícia Federal sobre o sumiço, tráfico ilegal, e venda clandestina de joias, doadas por governos estrangeiros ao então presidente Jair Bolsonaro e à primeira dama, Michelle Bolsonaro, traz uma revelação que pode colocar um ponto final na breve carreira polícia da esposa de Bolsonaro.

O coronel Marcelo Câmara, ex-assessor especial do ex-presidente Jair Bolsonaro, e um dos principais operadores, juntamente com Mauro Cid, e sob as ordens diretas de Bolsonaro, revela em mensagem que havia ao menos um conjunto de joias que teria sumido “com a DONA MICHELLE”.

Transcrição da mensagem de áudio do coronel Marcelo Câmara, de 13 de fevereiro de 2013:

“Eu falei com ele sobre isso CID. Aí ele me falou que tem esse entendimento sim. Mas que o pessoal questiona porque ele pode dar, pode fazer o que ele quiser. Mas tem que lançar na comissão memória, entendeu? O que já foi, já foi. Mas se esse aqui tiver ainda a gente faz certinho pra não ter problema. Porque já sumiu um que foi com a DONA MICHELLE; então pra não ter problema.”

A PF suspeita, por óbvio, que esse trecho do diálogo é um forte indício de que a ex-primeira dama pode ter tido uma participação mais ativa no esquema de roubo de joias da União.

Ou seja, há suspeita de que Michelle afanou joias do erário!

A pergunta que não quer calar, naturalmente, é: cadê o conjunto de joias que “suiu com a DONA MICHELLE”?

O relatório da PF diz o seguinte:

RELATÓRIO DE ANÁLISE DE POLÍCIA JUDICIÁRIA nº 2673382.2023 – SAOP/DICINT/CCINT/CGCINT/DIP/PF

Em resposta, MARCELO CAMARA encaminha uma mensagem de áudio em que afirma que já conversou com MARCELO sobre o assunto, se referindo à possibilidade de vender objetos que teriam sido destinados ao acervo privado do ex-Presidente da República JAIR BOLSONARO, diz: “Eu falei com ele sobre isso CID. Aí ele me falou que tem esse entendimento sim. Mas que o pessoal questiona porque ele pode dar, pode fazer o que ele quiser. Mas tem que lançar na comissão memória, entendeu? (…)”. Em seguida, após relatar a restrição para venda do kit, MARCELO CAMARA diz: “O que já foi, já foi. Mas se esse aqui tiver ainda a gente certinho pra não dar problema. Porque já sumiu um que foi com a DONA MICHELLE; então pra não ter problema”.

A mensagem indica que, apesar das restrições, possivelmente, outros presentes recebidos pelo ex-Presidente JAIR BOLSONARO podem ter sido vendidos, sem respeitar as restrições legais, ressaltando inclusive que “sumiu um que foi com a DONA MICHELLE”. Em resposta, MAURO CID diz: “(…) Eu já mandei voltar, eu já mandei voltar!”, possivelmente se referindo ao kit de outro rose da empresa Chopard, que foi colocado à venda em leilão, por meio da empresa Fortuna Auction, localizada na cidade de Nova York, na data de 08 de fevereiro de 2023. MAURO CID ainda questiona a possibilidade de informar a “comissão Memória” do Governo Federal e depois colocar novamente à venda o referido Kit, diz: “(…) Mas o senhor quer informar a comissão e a gente põe pra vender? (…)”. MARCELO CAMARA discorda, diz: “Não vou informar nada. Eu prefiro não informar pra não gerar estresse, entendeu? Já que não conseguiu vender, a gente guarda. E aí depois tenta vender em uma próxima oportunidade”. A dinâmica das trocas de mensagens indica que MARCELO CAMARA estaria conversando, concomitantemente, com MARCELO DA SILVA VIEIRA, ex-chefe da GADHI sobre o mesmo assunto.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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