O Brasil está vivendo um processo de reindustrialização, mas começando por setores de baixa complexidade, com uma grande participação da indústria de alimentos.
Em 2023, a produção física de alimentos subiu 5,1%, o maior aumento da série histórica da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos.
O grande motor dessa indústria é o consumo doméstico, que correspondeu a R$ 868 bilhões em 2023, um aumento de 4% sobre o ano anterior (em valores deflacionados).
Mas o setor externo também está ajudando muito a desenvolver a nossa indústria de alimentos. Segundo o Comexstat, o banco de dados público para o comércio exterior do Brasil, as exportações brasileiras de alimentos industrializados chegaram a US$ 64,88 bilhões nos 12 meses até junho último. Esse valor significou um crescimento de 7% sobre o ano anterior e de 26% em dois anos.
O saldo comercial do setor de alimentos industrializados ficou em US$ 57,19 bilhões. Ou seja, considerando tudo que exportamos, menos o que importamos, o saldo ficou em quase 60 bilhões de dólares, o que é superior ao saldo que obtivemos com a exportação de minérios e de petróleo.
O principal comprador de alimentos brasileiros é a China, país com o qual tivemos um saldo comercial neste setor de US$ 10,47 bilhões em 2023. Em segundo lugar, vem os Estados Unidos, junto aos quais o Brasil obteve saldo de US$ 3,3 bilhões, em produtos alimentícios em 2023, um recorde histórico.
E quais são os produtos alimentícios mais exportados pelo Brasil? Segundo o Comexstat, os principais produtos são: açúcar, carnes e bagaço de soja.
Ou seja, são produtos derivados do agronegócio, o que tem uma explicação muito direta e lógica. O agronegócio brasileiro está reinvestindo seus lucros num processo de industrialização de seus produtos, num movimento natural para reduzir os riscos de se exporem à volatidade das commodities, sempre muito superior à volatilidade de produtos já industrializados.