Dados recentes divulgados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024 mostram um aumento preocupante na violência contra mulheres no Brasil.
Em 2023, houve um crescimento de 0,8% nos casos de feminicídios, totalizando 1.467 vítimas. Este número é o mais alto desde a implementação da lei que define o crime em 2015.
O relatório também destaca aumentos significativos em outros tipos de violência, incluindo agressões em contexto de violência doméstica, que subiram 9,8%, ameaças, com um aumento de 16,5%, perseguição (stalking), que cresceu 34,5%, violência psicológica, com um incremento de 33,8%, e estupros, que aumentaram 6,5%.
O levantamento aponta que mais de 1,2 milhão de mulheres foram vítimas desses tipos de violência no último ano.
A exceção foi o número de homicídios, que caiu 0,1%, indicando uma pequena redução de quatro casos em relação a 2022. O relatório sugere que a melhora na capacidade de reconhecimento e registro de feminicídios por parte dos profissionais de justiça pode ter influenciado esses números.
O perfil das mulheres assassinadas permaneceu estável, com a maioria das vítimas sendo negras (66,9%) e com idade entre 18 e 44 anos (69,1%).
A distribuição dos casos de feminicídios pelo país não é uniforme: enquanto a média nacional é de 1,4 vítimas por grupo de 100 mil mulheres, estados como Rondônia, Mato Grosso, Acre e Tocantins registraram taxas mais altas.
Além disso, o Brasil teve um registro de estupro a cada seis minutos em 2023, totalizando 83.988 vítimas. Outros crimes em ascensão incluem importunação sexual, com um aumento de 48,7%, assédio sexual, que cresceu 28,5%, e divulgação de cenas de estupro, sexo ou pornografia, com uma alta de 47,8%.
O relatório enfatiza a importância de prestar mais atenção à violência virtual, como a perseguição, que registrou 77.083 ocorrências no ano passado.
As consequências desses crimes, que incluem ameaças e violência psicológica, têm um impacto profundo na saúde mental e emocional das vítimas, perpetuando um ciclo de medo, submissão e controle. Os pesquisadores ressaltam a necessidade de combater a visão de que a violência é um fenômeno “inevitável ou natural“.