BOMBA! Jair Bolsonaro: “O maior culpado na Furna da Onça etc, é o Flávio [Bolsonaro].”

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Em uma reunião confidencial realizada em 25 de agosto de 2020, no Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro, então presidente do Brasil, discutiu estratégias para lidar com as investigações envolvendo seu filho, Flávio Bolsonaro. Documentos da Polícia Federal, recentemente divulgados, trazem detalhes dessa reunião, que contou também com a presença de Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e outras figuras proeminentes. As transcrições indicam um reconhecimento tácito da culpabilidade de Flávio Bolsonaro nas acusações de corrupção que pesam sobre ele.

Contexto da Investigação

A investigação, parte da operação “Furna da Onça”, é um desdobramento da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro. O foco está em um esquema de corrupção que envolve deputados estaduais, onde Flávio Bolsonaro é acusado de desviar parte dos salários de seus funcionários na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ) – uma prática conhecida como “rachadinha”. Em 2018, movimentações financeiras atípicas nas contas de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio, trouxeram à tona as suspeitas. Queiroz foi preso em junho de 2020, aprofundando as investigações.

Falas Reveladoras de Jair Bolsonaro

Durante a reunião, Jair Bolsonaro fez declarações que podem ser interpretadas como um reconhecimento da gravidade das acusações contra seu filho. Em um trecho específico da transcrição, Bolsonaro afirmou:

“O maior culpado na Furna da Onça etc, é o Flávio.”

Essa declaração, além de surpreendente, sugere que Bolsonaro reconhecia a centralidade de Flávio nas investigações. A advogada Luciana Pires, presente na reunião, expressou surpresa e questionou:

“É verdade? É isso? Não só não é que.”

Bolsonaro continuou, destacando a desproporcionalidade no tratamento dado a Flávio em comparação com outros envolvidos:

“Os demais estão tão tranquilo. Aquele de quarenta e nove milhões, ele representa a ALERJ.”

Tentativas de Influência e Anulação das Investigações

Além das declarações de Bolsonaro, a reunião revelou discussões sobre estratégias para anular a operação “Furna da Onça”. Juliana Bierrenbach, advogada presente, sugeriu a possibilidade de uma reclamação no Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a legalidade das ações contra Flávio. Esse plano inclui a tentativa de provar que o Relatório de Inteligência Financeira (RIF) que originou a investigação foi encomendado de forma irregular.

Utilização de Recursos da ABIN

Outro ponto discutido foi a utilização de recursos da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) para produzir provas favoráveis a Flávio Bolsonaro. Foram mencionadas tentativas de investigar auditores da Receita Federal envolvidos no RIF, buscando elementos que pudessem desacreditar as investigações.

Preocupações com a Perseguição Política

A reunião também expôs a preocupação de Jair Bolsonaro com a percepção pública e as consequências políticas das investigações. Ele e os participantes discutiram a possibilidade de perseguição política, sugerindo que as investigações eram motivadas por interesses políticos e não por evidências concretas.

Implicações

As revelações desta reunião trazem à tona tentativas explícitas de influenciar e possivelmente obstruir investigações legais em curso. A admissão de Bolsonaro sobre a culpabilidade de Flávio, junto com as estratégias discutidas para anular as investigações, levanta sérias questões sobre o uso de recursos e influência governamental para proteger interesses pessoais e familiares.

As novas informações fornecem uma visão aprofundada das discussões internas do governo sobre como lidar com investigações que envolvem membros da própria família presidencial. A afirmação de Jair Bolsonaro sobre a culpabilidade de seu filho, combinada com as tentativas de interferir nos processos legais, sublinha a necessidade de transparência e rigor na apuração dos fatos.

Cleber Lourenço: Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_
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