Alerta de aquecimento global: planeta ultrapassou o marco de 1,5°C

Cientistas alertam para a aceleração do aquecimento global, com temperaturas recordes e riscos crescentes para o planeta / Imagem gerada por DALL·E do impacto do aquecimento global no Canadá

Desde o acordo climático de Paris em dezembro de 2015, a urgência em manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C tornou-se um mantra global. Recentes dados climáticos indicam que essa meta está perigosamente próxima de ser ultrapassada.

Segundo o Copernicus Climate Change Service, as temperaturas globais médias entre julho de 2023 e junho de 2024 foram as mais altas já registradas, resultando em um aumento de 1,64°C em relação aos níveis pré-industriais. Carlo Buontempo, diretor do serviço, declarou ao The Guardian que esses resultados não são uma anomalia, mas uma “mudança contínua” no clima global. Ele alerta que novos recordes de temperatura continuarão a ser quebrados a menos que se interrompa a emissão de gases de efeito estufa.

O Copernicus, parte do programa espacial da União Europeia, utiliza uma vasta quantidade de dados de satélites, navios, aeronaves e estações meteorológicas para monitorar métricas climáticas. Em junho de 2024, a temperatura global atingiu um novo recorde para o mês e foi o 12º mês consecutivo com temperaturas 1,5°C acima da média entre 1850 e 1900.

Aditi Mukherji, diretora do instituto de pesquisa CGIAR e coautora do último relatório do IPCC, destacou que eventos climáticos extremos aumentam a cada incremento de aquecimento global. Ela comparou o aquecimento de 1°C a uma febre leve e 1,5°C a uma febre moderada a alta, sublinhando a gravidade da situação. Segundo o IPCC, um aquecimento de 1,5°C pode destruir 70 a 90% dos recifes de corais tropicais, enquanto 2°C os aniquilará quase completamente.

Uma pesquisa realizada pelo The Guardian com autores do IPCC revelou que três quartos deles esperam que o aquecimento global ultrapasse 2,5°C até 2100, com metade esperando que as temperaturas superem 3°C. François Gemenne, autor do IPCC, enfatizou que cada 0,1°C de aumento importa significativamente devido às variações locais de temperatura.

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) previu que a temperatura média global entre 2024 e 2028 será entre 1,1°C e 1,9°C acima dos níveis pré-industriais, com uma probabilidade de 86% de que pelo menos um desses anos estabeleça um novo recorde de temperatura. A chance de a temperatura global média exceder 1,5°C durante este período aumentou para 47%, comparado aos 32% do ano anterior.

Ko Barrett, Secretário-Geral Adjunto da OMM, alertou que estamos longe de atingir as metas do Acordo de Paris e destacou a necessidade urgente de reduzir as emissões de gases de efeito estufa para evitar custos econômicos e impactos ambientais devastadores. Antonio Guterres, Secretário-Geral da ONU, reforçou a urgência da situação, comparando a inação climática a um jogo de roleta russa com o planeta.

Os impactos do aquecimento global já são evidentes, com eventos climáticos extremos, redução das camadas de gelo e elevação do nível do mar. Carlo Buontempo concluiu que, embora vivamos em tempos sem precedentes, temos a capacidade de monitorar o clima e informar ações para estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa, retornando a temperaturas mais baixas no futuro.

Via Agências de Notícias

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