O atentado contra o ex-presidente Donald Trump, candidato republicano à Casa Branca, ocorrido no sábado (13/7) durante um comício na Pensilvânia, abriu uma crise no Serviço Secreto dos Estados Unidos.
Trump ficou ferido, e um espectador foi morto no tiroteio. Outros dois ficaram gravemente feridos, de acordo com um porta-voz do Serviço Secreto. As vítimas são homens, mas suas identidades ainda não foram reveladas.
O Comitê de Supervisão – o principal órgão de investigação da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos – convocou a diretora do Serviço Secreto, Kimberly Cheatle, para depor em uma audiência em 22 de julho.
“Os americanos exigem respostas sobre a tentativa de assassinato do presidente Trump”, afirmou o órgão em um comunicado nas redes sociais.
Em uma entrevista coletiva para a imprensa, o agente especial do FBI Kevin Rojek disse que “é surpreendente” que o atirador tenha conseguido abrir fogo contra o palco antes de o Serviço Secreto matá-lo. Ele se absteve de avaliar falhas na segurança, com a investigação ainda em curso, que envolve o FBI, o Serviço Secreto e o Departamento de Segurança Interna.
Em uma publicação na sua rede Truth Social, Trump disse que uma bala perfurou a “parte superior” da sua orelha direita. “Ocorreu muito sangramento, então percebi o que estava acontecendo.”
Stephen Moore, conselheiro sênior da campanha de Trump, levantou dúvidas sobre a preparação do Serviço Secreto. Ele descreveu o episódio como um “dia assustador” e afirmou que estão todos em choque. Moore acrescentou que “certamente Trump precisa de mais proteção” e disse que é necessária uma investigação “sobre se o Serviço Secreto estava totalmente preparado”.
O FBI está liderando a investigação, que terá no centro a apuração da responsabilidade e eventuais falhas do Serviço Secreto, cuja função é proteger os presidentes e ex-presidentes dos Estados Unidos.
Faz 43 anos desde a última tentativa de assassinato de um presidente dos Estados Unidos em exercício, quando Ronald Reagan foi baleado no pulmão, mas sobreviveu.
Os questionamentos agora giram em torno de como um suposto assassino foi capaz de rastejar até um ponto de observação no telhado, armado com um fuzil e disparar quatro tiros em direção ao pódio onde estava Trump, em uma área que deveria ter sido previamente inspecionada.
Anthony Guglielmi, porta-voz do Serviço Secreto, disse ser “falso” que um membro da equipe de Donald Trump solicitou “recursos” extras de segurança e que o pedido teria sido “rejeitado”. Ele afirmou que, na verdade, foram adicionados recursos, tecnologia e capacidades de proteção como parte do aumento do ritmo das viagens da campanha.
O jornalista britânico Tom Newton Dunn, que esteve no comício de sábado, descreveu o clima dos apoiadores como um “carnaval” antes do início do evento. Newton Dunn disse que muitas pessoas não sabiam o que estava acontecendo no momento. A ideia de que algo mais grave estava ocorrendo só surgiu quando os gritos para descer do palco foram ouvidos. “Algumas pessoas começaram a chorar. Uma senhora ao meu lado estava agachada no chão dizendo ‘Oh Jesus, oh Jesus, oh Jesus, eles o pegaram’…”, disse Dunn. “Outros reagiram com raiva. Alguns culpando o público por isso, culpando os democratas por isso, culpando Biden, culpando a CNN e ficaram com raiva do Serviço Secreto.”
Um outdoor digital fora do evento dizia: “Os democratas tentaram assassinar o presidente Trump” e “Orando pelo presidente Trump”.
O suspeito do atentado foi morto a tiros no local por um atirador do Serviço Secreto, disse o porta-voz da agência, Anthony Guglielmi. O agente especial Kevin Rojek disse que Thomas Mathew Crooks, identificado como o atirador, não levava documentos consigo e que os investigadores usaram DNA para identificá-lo. Eles ainda não identificaram o motivo da tentativa de assassinato, acrescentou.
Gary O’Donoghue, Bernd Debusmann e Matt Murphy, BBC News