O nome do meu portal nunca fez tanto sentido.
Como sabem os internautas que nos conhecem há mais tempo, O Cafezinho tem esse nome porque o seu editor foi jornalista especializado em café por muitos anos, antes de migrar para o jornalismo político em meados dos anos 2000.
Eu tinha um jornal chamado Coffee Business, voltado para produtores, exportadores, torrefadores, e demais agentes da cadeia.
Aliás, talvez seja hora de pensar se não vale a pena reabrir essa empresa, porque o setor nunca foi tão próspero.
Segundo dados oficiais, as exportações brasileiras de café chegaram a mais de US$ 10 bilhões no acumulado dos últimos 12 meses, até junho, o que corresponderia, ao câmbio de hoje, a quase R$ 60 bilhões.
Quando eu me cansei do negócio, pelos idos de 2006, as exportações de café estavam ao redor de US$ 4 bilhões, e eram bons tempos!
O aumento da receita das exportações brasileiras cresceu 18% em 1 ano, 20% em 2 anos, 74% em 10 anos e 390% em 20 anos!
O mundo inteiro compra café do Brasil.
Mas o leque de países compradores do nosso café é bem diferente de outros produtos importantes, como soja, petróleo e ferro.
Pra começar, os principais destinos do café brasileiro ainda são os países ricos. Somente a Europa, comprou 52% de todo café brasileiro exportado no primeiro semestre de 2024.
Os EUA, por sua vez, responderam por 17% das vendas brasileiras nos últimos seis meses.
Mas a participação do Sul Global como destino do nosso grão tem crescido num ritmo extremamente forte.
As exportações brasileiras de café para a China, por exemplo, que não chegavam a 1,5 milhão de dólares quando Lula ganhou as eleições pela primeira vez, em 2002, quase atingiram 350 milhões de dólares nos 12 meses encerrados em junho!
Em 20 anos, as exportações brasileiras de café para a China cresceram impressionantes 20 mil por cento!
Um déficit grave do país é a falta de política para vender o café já industrializado. 93% do café brasileiro é vendido ainda cru, em grão. Outros 7% saem na forma de solúvel. O percentual de café brasileiro vendido torrado é ainda insignificante.
Outros mercados também estão ganhando mais relevância para nossas exportações de café, como a África, o Oriente Médio e os países do Sudeste Asiático.
As exportações brasileiras de café para a África cresceram mais de 310% em 10 nos, e hoje o continente importa mais do que a China e a França, por exemplo.
Apenas no primeiro semestre, a África importou o equivalente a 132 milhões de dólares em café brasileiro, o que correspondeu a 2,3% de toda a nossa exportação, e um aumento de 56% em 1 anos, 102% em 2 anos e 310% em 10 anos!