Bomba! Abin de Bolsonaro tentou encontrar “podres” de Lira e associar Adélio Bispo à Monica Bergamo

O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). Divulgação: PF.

O relatório da Polícia Federal com o resultado das investigações sobre a “Abin paralela” , cujo sigilo foi derrubado hoje, revela o uso da principal estrutura de inteligência do Estado brasileiro para espionar adversários políticos do governo de Jair Bolsonaro.

Alexandre Ramagem, que era o diretor-geral da Abin, coordenava juntamente com um grupo político sob as ordens do próprio presidente Bolsonaro e possivelmente com a participação de Carlos Bolsonaro e outros membros da família Bolsonaro, uma série de ações de espionagem ilegal para encontrar “podres” de adversários políticos e até mesmo aliados incômodos.

O objetivo era sempre encontrar brechas que possibilitassem chantagear e intimidar esses adversários.

Trecho do relatório da PF:

(…) BORMEVET: “Precisamos achar podres”;
BORMEVET: “Matérias normais eu já tenho”;
GIANCARLO: “Vamos sequestrar isso sim. E achando podres vamos extorquir”.

Dois agentes à serviço da Abin se destacam:

Marcelo Araújo Bormevet é um policial federal que, ao tempo cedido à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) até 20 de setembro de 2022, exercia a função oficial de “Coordenador Geral da Área de Pesquisa para Credenciamento e Integridade Corporativa”. Posteriormente, ele exerceu função na Presidência da República de 21 de setembro de 2022 até 25 de dezembro de 2022. Bormevet estava envolvido em ações clandestinas e tinha pleno conhecimento e domínio do uso do sistema First Mile. Ele se reportava diretamente ao então diretor-geral da Abin, Alexandre Ramagem.

Giancarlo Gomes Rodrigues é mencionado como um militar que colaborava com Marcelo Araújo Bormevet em ações delituosas. Giancarlo estava diretamente envolvido nas operações clandestinas conduzidas pela estrutura paralela dentro da Abin, fornecendo informações sobre os alvos das operações e executando ações para “caçar podres” de figuras políticas e públicas, com a intenção de extorquir e chantagear adversários políticos.

***

Segundo o relatório, as ações clandestinas foram direcionadas contra várias figuras políticas e públicas, incluindo o deputado federal Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, e a jornalista Monica Bergamo, da Folha.

Sobre Arthur Lira, o relatório revela que o militar Giancarlo informou a Marcelo Araújo Bormevet que a ação para “caçar podres” já teria sido realizada contra o deputado e tambem contra o “pessoal do Renan”, possivelmente referindo-se ao senador Renan Calheiros.

Em resposta a uma determinação de Bormevet para “levantar tudo” sobre o “Pessoal de Gabinete” de Renan, Giancarlo respondeu: “O foda é achar. Foi igual ao que fiz do Lira”.

No caso de Monica Bergamo, o relatório indica que havia uma tentativa criminosa de associar Adélio Bispo, o autor do atentado contra Bolsonaro, a opositores do então governo, incluindo a jornalista.

Giancarlo informou a Bormevet sobre a obtenção de informações através do perfil “@volg_do_rui”. Giancarlo afirmou estar “colhendo frutos da minha nova amizade por causa do material enviado.”

A Procuradoria-Geral da República destacou que “o somatório dos elementos informativos colhidos até o momento permitiu a identificação de inúmeras outras ações clandestinas que contaram com a participação de ao menos um dos dois agentes (Giancarlo e Bormevet) ou de ambos, em completo desvio da finalidade institucional da Abin.”

Trechos do relatório da PF:

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