A última pesquisa sugere que uma maioria de extrema direita pode ser bloqueada no parlamento, com o Rally Nacional ficando aquém dos 289 assentos necessários para controlar a Assembleia Nacional.
Os partidos centristas e de esquerda franceses estão tentando encontrar uma maneira de bloquear uma maioria de extrema direita no parlamento — e uma nova pesquisa mostra que isso é possível.
Uma pesquisa da Harris Interactive para a revista Challenges, a primeira desde que uma aliança anti-National Rally (RN) foi formada, indica que o partido de extrema direita de Marine Le Pen pode não ganhar as 289 cadeiras necessárias para controlar a Assembleia Nacional de 577 cadeiras.
De acordo com esta pesquisa, os esforços dos centristas do presidente Emmanuel Macron e do bloco esquerdista Nova Frente Popular (NFP) para bloquear a extrema direita como uma chamada Frente Republicana (ou Frente Républicain) podem ser eficazes.
A previsão mostra que o RN e seus aliados provavelmente obterão entre 190 e 220 assentos. Enquanto isso, os Republicanos de centro-direita (LR) — que se aliaram a Le Pen — foram projetados para ganhar entre 30 e 50 assentos.
Esse resultado provavelmente evitaria a possibilidade de um governo minoritário de extrema direita apoiado por parte do grupo parlamentar da LR.
Estratégia da ‘Frente Republicana’
A pesquisa ocorreu após a retirada de mais de 200 candidatos de vários partidos políticos que ficaram em terceiro lugar em seus círculos eleitorais no primeiro turno, com o objetivo de apoiar o candidato mais forte contra o RN no segundo turno de votação no domingo.
Antes dessas retiradas, as pesquisas estimavam que a RN estava a caminho de ganhar entre 250 e 300 cadeiras.
Quando questionada pela TF1 TV se ela estava preocupada que a RN pudesse ficar aquém das 289 cadeiras necessárias para uma maioria absoluta, Le Pen respondeu confiantemente: “Não, estou muito confiante. Os franceses têm um desejo real de mudança.”
De acordo com a pesquisa Harris, a projeção é que o NFP garanta entre 159 e 183 assentos, enquanto o Ensemble de Macron deve obter apenas 110 a 135 assentos.
Prevê-se que outros partidos conquistem entre 17 e 31 assentos.
Qual é o plano no caso de um parlamento suspenso?
Se o resultado da votação do segundo turno confirmar a projeção de um parlamento sem maioria, a França entrará em um período de turbulência, sem que nenhuma facção garanta assentos suficientes para formar um governo.
O atual primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, expressou otimismo sobre a iniciativa multipartidária para bloquear uma maioria de extrema direita, mas rejeitou a ideia de o Ensemble formar um governo multipartidário no caso de um parlamento sem maioria.
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Em vez disso, ele sugeriu que os moderados colaborariam na legislação individualmente.
Fontes do gabinete de Macron dizem que o presidente também descartou formar uma coalizão com o partido de extrema esquerda France Unbowed (LFI), liderado por Jean-Luc Melenchon. Não se sabe se ele discutiu outras possibilidades de coalizão.
Essas observações destacam que, mesmo que o RN não consiga chegar ao poder, a França poderá enfrentar incerteza política prolongada até a próxima eleição presidencial em 2027.
Le Pen disposta a colaborar para maioria absoluta
Le Pen indicou disposição de colaborar com outros partidos caso o RN não alcance a maioria absoluta.
Sua escolha para primeiro-ministro, Jordan Bardella, declarou que se recusaria a formar um governo sem um mandato claro.
De acordo com a pesquisa, mais de 4 em cada 10 franceses acreditam que nenhum desses partidos políticos terá maioria absoluta na Assembleia Nacional, enquanto 35% acreditam que o Rally Nacional conseguirá isso.
A pesquisa foi realizada on-line entre 2 e 3 de julho, com a participação de 3.383 pessoas representando a população francesa com 18 anos ou mais.
O método de cotas e ajuste foi aplicado às seguintes variáveis: gênero, idade, categoria socioprofissional, região e comportamento eleitoral anterior do entrevistado.
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