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EXCLUSIVO: Os depoimentos sigilosos da cúpula da PMDF sobre o 8 de janeiro

Depoimentos sigilosos de oficiais de alta patente da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), dados ao Supremo Tribunal Federal (STF) entre os dias 13 e 16 de maio e obtidos pela coluna, revelam novos detalhes sobre a resposta das forças de segurança durante os eventos de 8 de janeiro de 2023 e novos personagens que […]

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Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Depoimentos sigilosos de oficiais de alta patente da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), dados ao Supremo Tribunal Federal (STF) entre os dias 13 e 16 de maio e obtidos pela coluna, revelam novos detalhes sobre a resposta das forças de segurança durante os eventos de 8 de janeiro de 2023 e novos personagens que podem estar relacionados ao caos em Brasília.

Além disso, na última semana ocorreram duas diligências sigilosas em endereços ligados a dois nomes da PMDF: o sargento André Felipe Monteiro Myles e a Coronel Kelly de Freitas Cesario.

Mesmo com esses desdobramentos, fontes ligadas aos investigados reclamam da morosidade do processo. Nem mesmo as diligências para produção de provas dos réus foram encaminhadas, o que pode indicar que as investigações possam ter atingido mais pessoas da organização e envolvidas com o episódio.

Major Leonardo Santos: Responsável pelo Planejamento

Os depoimentos dos réus, incluindo sete oficiais, trouxeram à tona o nome do Major Leonardo Santos, identificado como o planejador do Departamento de Operações Policiais (DOP). Conforme a legislação e os protocolos do Distrito Federal, Santos deveria ter liderado o planejamento de segurança para eventos de grande escala.

“Em casos de grandes eventos, é responsabilidade do DOP realizar o planejamento. No entanto, a Secretaria de Segurança Pública não classificou o evento como grande, o que resultou na ausência de um planejamento adequado por parte do Major Leonardo. Se tivessem seguido o protocolo, ele teria sido o responsável,” explicou uma fonte. A decisão de não considerar os eventos como de grande porte foi um erro estratégico que comprometeu a resposta operacional da polícia.

Coronel Cleber Fernandes Antunes: ausente durante a crise

Outro nome que emergiu nos depoimentos foi o do Coronel Cleber Fernandes Antunes. De acordo com a fonte, ele não compareceu ao trabalho durante a semana crítica, incluindo o dia 8 de janeiro, quando a PMDF foi mobilizada para a Esplanada dos Ministérios. O desembargador Ayrton Vieira, juiz auxiliar do ministro Alexandre de Moraes, observou essa ausência e registrou seu nome durante as oitivas.

“O desembargador Ayrton Vieira anotou o nome do Coronel Cleber após descobrir que ele não compareceu ao trabalho naquela semana. Estão investigando se a ausência foi deliberada para desviar a responsabilidade para outros oficiais, como Paulo José. Cleber não estava de dispensa ou afastado oficialmente, o que levanta suspeitas sobre sua ausência,” relatou a fonte.

Tenente Coronel Kelly: Envolvimento Mesmo de Férias

A Tenente Coronel Kelly, que estava oficialmente de férias desde 4 de janeiro, também foi amplamente mencionada nos depoimentos. Apesar de seu afastamento formal, testemunhas de acusação, incluindo membros da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmaram que ela continuou a participar ativamente do planejamento de segurança.

“Mesmo de férias, Kelly esteve envolvida em todas as etapas do planejamento. Testemunhas relataram que ela coordenou ações com a equipe de segurança da Câmara e do STF. A questão levantada é por que ela não está sendo investigada da mesma forma que outros oficiais. Sua participação ativa enquanto estava de férias sugere que seu papel foi mais significativo do que o inicialmente considerado,” disse a fonte.

Anderson Torres: críticas de Ibaneis Rocha

O governador Ibaneis Rocha, em seu depoimento, criticou Anderson Torres, ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, por sair de férias de maneira abrupta e sem aviso prévio. Segundo Ibaneis, Torres o deixou desinformado sobre a data real de sua viagem, que ocorreu no dia 6 de janeiro, comprometendo a gestão da segurança.

“Ibaneis afirmou que Anderson Torres traiu sua confiança ao sair de férias sem informá-lo adequadamente, deixando Fernando no comando. Ele declarou que não sabia que Torres viajaria no dia 6 e culpou Torres por deixá-lo despreparado em um momento crítico. A falta de comunicação adequada entre Torres e Ibaneis foi um dos fatores que contribuíram para a resposta ineficaz à crise,” afirmou a fonte.

Os depoimentos sigilosos dos oficiais da PMDF destacam uma série de falhas organizacionais e possíveis atos de negligência que comprometeram a resposta das forças de segurança em 8 de janeiro de 2023. A ausência de planejamento adequado, a falta de coordenação e a possível negligência deliberada de alguns oficiais foram fatores determinantes para o caos que se desenrolou naquele dia. As investigações continuam, buscando esclarecer todos os aspectos desse episódio e responsabilizar os envolvidos.

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Cleber Lourenço

Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_

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