Presidente busca enfrentar Trump na economia com plano progressivo para fazer os muito ricos pagarem mais
Milionários dos EUA sinalizaram seu apoio ao esforço de Joe Biden para fazer os americanos mais ricos pagarem mais impostos, indicando que o plano do presidente de impor taxas maiores sobre a riqueza extrema está agradando à classe alta do país.
Uma pesquisa YouGov com americanos que possuem ativos além de suas casas no valor de mais de US$ 1 milhão mostrou que a maioria apoia um sistema tributário mais progressivo nos EUA, um dos pilares da estratégia econômica de Biden para a reeleição em novembro.
Quase 60% dos 800 entrevistados disseram que apoiariam taxas marginais de imposto de renda acima de US$ 100 milhões, superiores à atual taxa máxima de 37%.
A pesquisa, encomendada pelos Patriotic Millionaires, um grupo de americanos e empresas de alto patrimônio preocupados com os crescentes níveis de desigualdade na maior economia do mundo, revelou que mais de 60% dos entrevistados consideram a rápida expansão da desigualdade uma ameaça à democracia.
Noventa e um por cento concordaram que a concentração de riqueza extrema permite que alguns cidadãos comprem influência política.
Mais de três quartos acreditam que os ricos têm acesso a brechas e estratégias indisponíveis para os contribuintes comuns para evitar declarar renda ou pagar uma parte justa de impostos.
“A maioria dos milionários nos Estados Unidos entende que a desigualdade que estamos vendo agora está desestabilizando nossa nação”, disse Morris Pearl, presidente dos Patriotic Millionaires. “Precisamos realmente fazer algo a respeito antes que seja tarde demais.”
Biden fez políticas fiscais mais progressivas um pilar de sua agenda de formulação de políticas.
Em seu discurso sobre o Estado da União em março, o presidente dos EUA disse que os bilionários precisariam pagar um imposto mínimo de 25% e repetidamente prometeu garantir que os americanos mais ricos paguem sua parte justa. No entanto, apesar de prometer repetidamente instituir um imposto para bilionários, tal medida é vista como improvável de ser aprovada no Congresso.
A administração também quer aumentar a maior taxa marginal do imposto de renda para 39,6%.
O aumento provavelmente cobriria muitos dos entrevistados, e não apenas os extremamente ricos. O plano de Biden é aplicar a taxa mais alta em um limite muito mais baixo do que os US$ 100 milhões propostos na pesquisa YouGov, com domicílios individuais com renda superior a US$ 400.000 e casais com renda combinada de mais de US$ 450.000 sujeitos à taxa mais alta.
Enquanto isso, o candidato presidencial republicano Donald Trump quer renovar uma série de cortes de impostos que fez em 2017 — uma medida que a Casa Branca argumenta que preservaria um status quo em que os muito ricos têm uma carga tributária muito menor do que os americanos comuns. Os cortes de impostos de Trump expirariam em 2025.
Vários bilionários, incluindo os financistas Bill Ackman e Stephen Schwarzman, disseram nas últimas semanas que estão apoiando Trump.
“O plano do presidente Biden de aumentar os impostos sobre os americanos mais ricos tornará nosso sistema tributário mais justo; promoverá crescimento, eficiência e oportunidade econômica; permitirá investimentos para fazer nossa economia e a classe média crescerem, e reduzirá déficits e riscos fiscais”, disse o vice-diretor do Conselho Econômico Nacional, Daniel Hornung, ao Financial Times.
Embora as credenciais econômicas de Biden tenham sido danificadas pelo pior surto de inflação nos EUA desde os anos 1980, alguns americanos mais ricos acham que ele faria um trabalho melhor do que seu rival republicano.
A pesquisa mensal FT-Michigan Ross com eleitores dos EUA mostrou consistentemente que domicílios com rendas acima de US$ 100.000 têm mais probabilidade do que outros grupos de renda de apoiar Biden em vez de Trump em sua capacidade de administrar a economia.
A pesquisa descobriu que 45% daqueles na faixa de renda mais alta acreditam que Biden gerenciaria melhor a economia, contra 40% que apoiam Trump. Embora Biden tenha focado sua campanha em ganhar eleitores da classe média, seu apoio entre os que ganham altos salários foi o mais alto entre todos os grupos de renda.
A pesquisa YouGov também mostrou que 62% dos entrevistados apoiariam a coordenação global para impedir que bilionários mudem de país para evitar impostos mais altos. Um número ligeiramente menor, 59%, disse que apoiava a taxa de 2% que os líderes globais estão prestes a discutir nas próximas reuniões do G20 no Brasil.
A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, descartou apoiar a taxa global em sua forma atual.
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