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Empresas formadas apenas por sócios e proprietários eram maioria e pagavam menores salários em 2022

Empresas sem pessoas assalariadas representavam 69,6% do total das empresas formais ativas em 2022 Em 2022, as empresas sem pessoas assalariadas, ou seja, formadas apenas por sócios e proprietários em 31 de dezembro, representavam 69,6% (6,6 milhões) do total de 9,4 milhões de empresas e outras organizações formais ativas. Ao final daquele ano, elas empregavam […]

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Gilson Abreu/AEN

Empresas sem pessoas assalariadas representavam 69,6% do total das empresas formais ativas em 2022

Em 2022, as empresas sem pessoas assalariadas, ou seja, formadas apenas por sócios e proprietários em 31 de dezembro, representavam 69,6% (6,6 milhões) do total de 9,4 milhões de empresas e outras organizações formais ativas. Ao final daquele ano, elas empregavam 13,5% do total de 63,0 milhões de pessoas ocupadas. Ademais, pagaram ao longo do ano R$ 8,6 bilhões em salários, 0,4% do total de R$ 2,3 trilhões, registrando um salário médio mensal de R$ 2.454,36, ou 2,0 salários mínimos.

Por outro lado, havia 2,9 milhões de empresas e outras organizações com pessoas assalariadas, 30,4% do total. Essas empresas, em 31 de dezembro, empregavam 86,5% do pessoal ocupado total e 32,6% dos sócios e proprietários. Além disso, pagaram 99,6% dos salários e atingiram um salário médio de R$ 3.548,12, ou 2,9 salários mínimos.

Essas informações estão nas Estatísticas do Cadastro Central de Empresas (CEMPRE) referentes ao ano de 2022, divulgadas hoje (20) pelo IBGE. O CEMPRE reúne dados de empresas e outras organizações (com natureza jurídica de administração pública e entidades sem fins lucrativos) formalmente constituídas no país. Nesta edição, devido a mudanças metodológicas relacionadas às fontes de informações, houve uma quebra de série na pesquisa, de modo que os resultados não são comparáveis aos anos anteriores.

Setor de eletricidade e gás pagava os maiores salários médios

O salário médio mensal, em 2022, foi R$ 3.542,19. Entre as atividades econômicas, os maiores valores foram pagos pelo setor de Eletricidade e gás (R$ 8.312,01), seguido por Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (R$ 8.039,19) e Organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais (R$ 6.851,77).

“Apesar de tais atividades pagarem salários médios mensais mais elevados, ocuparam, juntas, 1,3 milhão de pessoas, ou seja, somente 2,6% do pessoal ocupado assalariado”, destaca o analista da pesquisa, Eliseu Oliveira.

Os menores salários médios mensais foram pagos por Alojamento e alimentação (R$ 1.769,54), Atividades administrativas e serviços complementares (R$ 2.108,28) e Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (R$ 2.389,15).

“Essas atividades que pagaram salários médios mensais menores, absorveram juntas cerca de 7,6 milhões de pessoas, ou seja, 15,2% do pessoal ocupado assalariado”, pontua.

Entre as atividades econômicas, o setor de Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas registrou as maiores participações em três das quatro variáveis analisadas: número de empresas e outras organizações (29,1%), pessoal ocupado total (21,0%) e pessoal ocupado assalariado (19,0%), enquanto, em salários e outras remunerações, ficou na terceira colocação (13,0%).

Já Indústrias de transformação ocuparam a segunda colocação em pessoal ocupado total (14,0%), salários e outras remunerações (16,4%) e pessoal assalariado (15,8%).

“Administração pública, defesa e seguridade social ocupou a terceira colocação em pessoal assalariado, com 15,7%, e foi a primeira em salários e outras remunerações, com 23,3%. É possível observar que essa atividade tem um quantitativo pequeno de empresas e outras organizações, com apenas 0,5%, mas paga o maior quantitativo de massa salarial”, relata o analista do IBGE.

Atividades administrativas e serviços complementares ficou na segunda posição em número de empresas (9,8%) e na quarta posição em pessoal ocupado total (9,7%) e pessoal ocupado assalariado (10,4%).

Em 2022, salário médio dos homens era 17,0% maior do que o das mulheres

No recorte por sexo, observa-se que o pessoal ocupado assalariado nas empresas era composto por 54,7% de homens e 45,3% de mulheres. Em termos salariais, enquanto eles receberam R$ 3.791,58 de salário médio mensal, elas receberam R$ 3.241,18, ou seja, os homens receberam um salário 17,0% maior.

“Sob outra perspectiva, ainda destacando essa diferença observada nos salários quando se analisa o sexo, é possível dizer que as mulheres receberam, em média, o equivalente a 85,5% do salário médio mensal dos homens”, diz Eliseu.

Já em termos de ocupação por setores, os homens tiveram as maiores participações em Construção (87,6%), Indústrias extrativas (84,2%) e Transporte, armazenagem e correios (81,7%), enquanto as mulheres foram maioria nas ocupações de Saúde humana e serviços sociais (74,8%), Educação (67,3%) e Alojamento e alimentação (57,2%).

Média salarial das pessoas com nível superior é quase três vezes maior quando comparada com as sem nível superior

Em análise por escolaridade, verificou-se que 76,6% do pessoal ocupado assalariado não tinha nível superior e 23,4%, tinha. O pessoal ocupado assalariado sem nível superior recebeu, em média, R$ 2.441,16 e o com ensino superior, R$ 7.094,17, aproximadamente três vezes mais.

“Sob outra ótica, é possível avaliar que o pessoal ocupado assalariado sem nível superior recebeu, em média, 2,0 salários mínimos, ao passo que o pessoal com nível superior, 5,9 salários mínimos”, complementa o pesquisador.

Apenas duas atividades apresentaram maior participação de pessoas com nível superior: Educação (64,3%) e Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (60,6%), Administração pública, defesa e seguridade social (47,4%) completa o ranking dos três setores que mais ocupam pessoas com essa escolaridade.

Já para os ocupados sem nível superior, os setores que mais ocupam são Alojamento e alimentação (96,1%), Agricultura, pecuária, produção florestal e aquicultura (94,1%) e Construção (92,6%).

Três a cada quatro empresas com empregados em 31 de dezembro contratavam até 9 pessoas assalariadas

Em 2022 do total de empresas e outras organizações com empregados em 31 de dezembro, 76,8% tinham de 1 a 9 pessoas assalariadas; 19,8%, 10 a 49 pessoas; 2,6%, 50 a 249 pessoas; e 0,8%, 250 pessoas ou mais.

“Apesar do predomínio daquelas de menor porte na estrutura empresarial brasileira, as empresas e outras organizações com 250 pessoas ou mais obtiveram as maiores participações nas variáveis econômicas analisadas, com 50,1% do pessoal ocupado total, 54,1% do pessoal ocupado assalariado e 69,3% dos salários e outras remunerações”, pontua o analista.

Os salários médios mensais mais elevados foram pagos pelas empresas e outras organizações com 250 pessoas ou mais, R$ 4.528,67, que é 152,6% maior que o salário recebido por aquelas com 1 a 9 pessoas ocupadas, R$ 1.793,08. Considerando o valor médio (R$ 3.548,12), apenas as empresas e outras organizações com 250 pessoas ou mais pagaram salários acima desse patamar.

“Esses dados evidenciam que existe uma relação positiva entre faixa de pessoal ocupado assalariado e salário médio mensal, ou seja, quanto maior o porte da empresa, maior é o salário médio que ela paga”, destaca Eliseu.

Mais da metade das unidades locais do Brasil estavam localizadas na Região Sudeste

Em termos regionais, as 9,4 milhões de empresas e outras organizações ativas no país possuíam 10,6 milhões de unidades locais, das quais 7,4 milhões não tinham assalariados em 31 de dezembro de 2022. A Região Sudeste foi responsável por 5,5 milhões das unidades locais do país, sendo 3,9 milhão sem empregados.

Já a Região Sul apresentou o segundo maior quantitativo de unidades locais, 2,1 milhões, o que representou 19,7% do total, sendo 1,4 milhão sem assalariados, seguida pelas regiões Nordeste (1,7 milhão: 1,1 milhão sem assalariados), Centro Oeste (897,3 mil: 591,4 mil sem assalariados), e Norte (495,8 mil: 341,5 mil sem assalariados).

A Região Sudeste também concentrou o maior quantitativo de pessoal ocupado total, 31,1 milhões (49,5%) e assalariado, 24,5 milhões (48,9%), e pagou a maior massa de salários e outras remunerações, 1,2 trilhão (52,8%). A Região Sul apresenta 18,1% do pessoal ocupado total (11,4 milhões), 17,5% do pessoal assalariado (8,8 milhões) e pagou 16,9% dos salários e outras remunerações (386,9 bilhões).

Já a Região Nordeste concentrou 17,9% do pessoal ocupado total (11,2 milhões), 18,7% dos assalariados (9,4 milhões) e 14,8% dos salários e outras remunerações (339,3 bilhões). Por fim, as regiões Centro-oeste e Norte apresentam as menores distribuições nas três variáveis: 8,7% e 5,7% do pessoal total, 8,8% e 6,1% do pessoal assalariado e 9,9% e 5,6% da massa salarial, respectivamente.

Em termos de salário médio mensal, aqueles mais altos foram observados na Região Centro-Oeste, 3,3 salários mínimos, seguida pela Região Sudeste (3,2), Sul (2,8), Norte (2,7) e Nordeste (2,3).

Segundo as unidades da federação, o Distrito Federal apresentou o maior salário médio mensal (4,9 salários mínimos), seguido por Amapá (3,5), São Paulo (3,4) e Rio de Janeiro (3,3). Os menores salários foram observados na Paraíba e Alagoas (2,2, cada).

Divulgação de 2022 do CEMPRE apresenta uma quebra na série histórica iniciada em 2007

O Cadastro Central de Empresas, historicamente, utiliza como fonte de informação, além das pesquisas estruturais do IBGE e do Cadastro Nacional de Pessoal Jurídica (CNPJ), os registros administrativos provenientes da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED).

A partir do ano base de 2019, o CEMPRE passou a incorporar os registros administrativos do Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial), que vem substituindo gradativamente a RAIS e o CAGED, segundo o cronograma de implantação estabelecido pelo então Ministério da Economia.

“Devido ao processo de transição para o eSocial, que ainda não está concluído, e de recentes alterações metodológicas, foi necessária a quebra de série. Cabe destacar como principais impactos, em 2022, o aumento expressivo do número de estabelecimentos, o aumento no número de pessoas assalariadas e a variação no quantitativo de sócios e proprietários que não podem ser explicados apenas pela própria dinâmica econômica”, pontua o analista.

Para maiores informações, consultar os tópicos Informações sobre a quebra de série e Critérios para incorporação de fontes de dados na seção de Notas técnicas da publicação.

Mais sobre a pesquisa

As Estatísticas do Cadastro Central de Empresas (CEMPRE) reúnem informações cadastrais e econômicas das empresas e outras organizações presentes no território nacional, inscritas no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), da Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil, e de suas respectivas unidades locais. Na publicação constam informações como número total de empresas e outras organizações; pessoal ocupado total; pessoal ocupado assalariado; salários e outras remunerações e salário médio mensal. As informações são apresentadas segundo a atividade econômica, de acordo com a Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE 2.0; a natureza jurídica; o porte, por faixas de pessoal ocupado assalariado; e a distribuição geográfica; destacando-se a participação do pessoal ocupado assalariado por sexo e nível de escolaridade, com recorte de dados até o nível territorial de municípios. A publicação completa das Estatísticas do CEMPRE e as tabelas poder ser acessadas pelo portal do IBGE disponíveis e pelo Sidra.

Publicado originalmente pela Agência de Notícias IBGE em 20/06/2024 – 12h08

Por Vinícius Britto – Editoria Estatísticas Econômicas

Arte: Claudia Ferreira

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