O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira (20) que a Rússia pode fornecer armas à Coreia do Norte, no que ele sugeriu que seria uma resposta espelhada ao armamento ocidental da Ucrânia.
Putin falava aos jornalistas no Vietname, um dia depois de visitar a Coreia do Norte, que possui armas nucleares, e de assinar um acordo de defesa mútua com o seu líder, Kim Jong Un.
Os países ocidentais têm evitado a Coreia do Norte como um Estado pária devido ao seu desenvolvimento de mísseis nucleares e balísticos, desafiando as sanções da ONU, e vêem com preocupação os laços crescentes entre Moscovo e Pyongyang.
Putin ameaçou no início deste mês que a Rússia poderia fornecer armas aos adversários ocidentais porque o Ocidente estava a fornecer armas de alta precisão à Ucrânia e a dar-lhe permissão para dispará-las contra alvos dentro da Rússia.
Nos seus últimos comentários, ele disse que a Coreia do Norte poderia ser um desses destinatários de armas russas.
“Eu disse, inclusive em Pyongyang, que então nos reservamos o direito de fornecer armas a outras regiões do mundo. Tendo em conta os nossos acordos com (a Coreia do Norte), também não excluo isso”, disse ele.
O tratado assinado por Putin e Kim na quarta-feira compromete cada lado a fornecer assistência militar imediata ao outro em caso de agressão armada contra qualquer um deles.
Putin disse que Moscovo espera que a sua cooperação com a Coreia do Norte sirva de dissuasão para o Ocidente, mas que não há necessidade de usar soldados norte-coreanos para a guerra na Ucrânia.
“Quanto à possibilidade de usarmos de alguma forma as capacidades uns dos outros no conflito na Ucrânia, não estamos pedindo isso a ninguém, ninguém nos ofereceu isso, portanto não há necessidade”, disse ele.
Os Estados Unidos e a Ucrânia afirmam que a Coreia do Norte já forneceu à Rússia quantidades significativas de projéteis de artilharia e mísseis balísticos, o que Moscovo e Pyongyang negam.
COREIA DO SUL, DOUTRINA NUCLEAR
Putin disse que a Coreia do Sul cometeria “um grande erro” se decidisse fornecer armas à Ucrânia, e que Moscovo responderia a tal medida de uma forma que seria dolorosa para Seul.
Ele falou depois que a agência de notícias sul-coreana Yonhap disse que Seul iria rever a possibilidade de fornecer armas à Ucrânia à luz do pacto de defesa mútua assinado por Putin e Kim um dia antes.
Putin também expandiu os comentários que fez no início deste mês sobre armas nucleares, dizendo que Moscou estava pensando em possíveis mudanças em sua doutrina sobre seu uso.
Putin disse que isso foi motivado pela mudança de opinião sobre o uso nuclear entre os adversários da Rússia.
A doutrina existente da Rússia afirma que ela pode usar armas nucleares em resposta a um ataque nuclear ou no caso de um ataque convencional que represente uma ameaça existencial ao Estado.
Desde o início da guerra na Ucrânia, alguns falcões entre os analistas militares russos têm defendido que Moscovo deveria considerar rever essa posição e até mesmo realizar algum tipo de ataque nuclear que pudesse “deixar sóbrio” os seus adversários no Ocidente.
Putin disse aos jornalistas que a Rússia estava a pensar em mudar a sua doutrina porque os seus potenciais inimigos estavam a trabalhar em “novos elementos” relacionados com a redução do limite para o uso nuclear.
“Em particular, estão sendo desenvolvidos dispositivos nucleares explosivos de potência extremamente baixa. E sabemos que há ideias circulando nos círculos de especialistas no Ocidente de que tais meios de destruição poderiam ser usados”, disse ele.
Putin disse que não havia “nada de particularmente terrível” nisso, mas a Rússia precisava prestar atenção a isso.
Desde o lançamento da sua invasão em grande escala da Ucrânia em Fevereiro de 2022, algo que ele classifica como uma operação militar especial para garantir a própria segurança da Rússia, Putin tem falado frequentemente sobre o tamanho e a potência do arsenal nuclear da Rússia e advertiu o Ocidente de que corre o risco de um conflito global. se se aprofundar na guerra.
Elson de Mendonça Ribeiro
20/06/2024 - 23h06
Por Andrey Martyanov, no seu blog:
Tradução: … ainda não precisamos de um ataque preventivo, porque num ataque retaliatório (ataque de resposta frontal) o inimigo terá a garantia de ser destruído”, explicou o líder russo, comentando a possibilidade de actualização da doutrina nuclear russa.
Simples assim….