A competição em tecnologia limpa entre China, Europa e Estados Unidos está se intensificando, com a China assumindo a liderança em várias áreas cruciais.
Segundo um estudo da série X-Change, produzido pela RMI em parceria com o Bezos Earth Fund e Systems Change Lab, a China está na liderança em muitas das principais corridas de tecnologia limpa. Nos últimos cinco anos, a China investiu dez vezes mais que os Estados Unidos e a Europa em cadeias de suprimento de tecnologia limpa, alcançando uma participação de mercado de mais de 90% na fabricação de painéis solares e 70% em baterias. A China também domina a implantação de energia solar e eólica e as vendas de veículos elétricos. Além disso, a China tem se destacado na eletrificação, aumentando a participação da eletricidade na demanda final de energia em 1 ponto percentual a cada ano, alcançando 27% em 2022, mais de 5 pontos percentuais acima dos Estados Unidos e da Europa.
A comparação com Europa e Estados Unidos revela um cenário onde a China lidera com folga, tendo investido significativamente mais em pesquisa e desenvolvimento e em despesas de capital. De 2018 a 2023, a China gastou 329 bilhões de dólares em cadeias de suprimento de tecnologia limpa, enquanto os Estados Unidos e a Europa gastaram 29 bilhões de dólares. Essa liderança se reflete na fabricação de painéis solares, baterias e outros componentes essenciais para a transição energética.
Embora a China tenha implantado a maior quantidade de energia solar e eólica, a Europa possui a maior participação de eletricidade proveniente dessas fontes. A competição entre as três regiões é acirrada, com todas avançando rapidamente em suas curvas de crescimento. A China tem a maior participação de mercado e o maior número de vendas de veículos elétricos, seguida pela Europa. Os Estados Unidos estão alguns anos atrás em termos de participação de mercado, mas estão se movendo rapidamente para alcançar os líderes.
A China está à frente na eletrificação, aumentando a participação da eletricidade na demanda final de energia mais rapidamente que os Estados Unidos e a Europa. Enquanto a participação de eletricidade na demanda final nos Estados Unidos e na Europa permaneceu estática em pouco mais de 20% na última década, a China alcançou 27%, crescendo quase 1 ponto percentual ao ano.
A liderança da China na revolução tecnológica das energias renováveis terá várias implicações globais. A China agora é um “eletroestado”, com metade de sua energia primária indo para eletricidade. Essa revolução tecnológica é liderada pela China, e entender a transição energética global requer uma perspectiva focada na liderança chinesa. A competição entre Estados Unidos e Europa por liderança tecnológica será motivada por necessidades de segurança. Em 2022, ambos os blocos econômicos perceberam o desafio da liderança chinesa nas tecnologias energéticas do futuro, e agora a corrida está mais equilibrada. Barreiras à mudança são barreiras à influência geopolítica, e os líderes precisarão encontrar soluções para implantar tecnologias limpas se quiserem evitar um declínio relativo. A competição entre as principais regiões está estimulando mais investimentos e inovações, o que reduzirá os custos mais rapidamente. Isso acelerará a transferência de tecnologia para o resto do mundo e apressará o ponto em que a demanda por combustíveis fósseis começará a declinar.
A China domina as cadeias de suprimento de tecnologias limpas, especialmente no processamento de materiais e fabricação de painéis solares. O número de patentes de tecnologia limpa na China superou o da Europa e dos Estados Unidos combinados desde 2014. Em 2020, empresas chinesas registraram 84% das patentes de energia solar, 85% de vento, 78% de baterias, 75% de veículos elétricos e 75% de outras tecnologias de eletrificação. A China lidera na implantação de novas capacidades solares e eólicas, com um aumento significativo em 2023. No entanto, a Europa possui a maior participação de eletricidade proveniente dessas fontes, liderando a corrida em termos de participação relativa na geração de eletricidade. A China está na vanguarda com mais de um terço das vendas de carros sendo elétricos, número que deve subir para 90% até o final da década. A Europa segue de perto, enquanto os Estados Unidos estão em ritmo acelerado para alcançar. A China tem liderado a eletrificação da demanda final de energia, com um aumento anual constante de 1 ponto percentual. A eletrificação na China é impulsionada principalmente pela indústria, que já causou um pico global na demanda industrial por combustíveis fósseis em 2014.
O futuro da competição em tecnologia limpa será determinado pela capacidade de inovação e implantação de novas tecnologias nos setores de energia. Embora a China esteja bem posicionada para manter sua liderança, Estados Unidos e Europa estão se preparando para um aumento significativo nos investimentos e na capacidade de fabricação. Espera-se que os investimentos em cadeias de suprimento nos Estados Unidos e na Europa aumentem 16 vezes até 2025, de 4 bilhões de dólares em 2022 para mais de 60 bilhões de dólares em 2025. Isso reduzirá a vantagem da China, embora não a elimine, e permitirá que essas regiões atendam grande parte de sua própria demanda por tecnologia limpa.
As previsões indicam um crescimento contínuo até 2030, com a China provavelmente alcançando quase 3.000 gigawatts de capacidade solar e eólica até 2028. Todos os três mercados estão se movendo rapidamente em direção a uma maior participação de eletricidade proveniente de fontes renováveis. As vendas de veículos elétricos continuarão a crescer exponencialmente em todas as regiões, com a China e a Europa mantendo posições de liderança. A participação de veículos elétricos nas vendas de carros deve alcançar 90% na China e abaixo de 50% nos Estados Unidos até o final da década. A China deve manter sua liderança na eletrificação dos setores de uso final, com a eletrificação da demanda final de energia continuando a crescer a uma taxa de cerca de 1 ponto percentual ao ano. A capacidade de aumentar a eletrificação será crucial para determinar o ritmo de transição energética nos Estados Unidos e na Europa.
A transição energética global está sendo liderada pela China, que tem demonstrado um crescimento significativo em todas as áreas de tecnologia limpa. A competição com os Estados Unidos e a Europa impulsionará ainda mais a inovação e a implantação de tecnologias renováveis, beneficiando não apenas essas regiões, mas também o Sul Global. Superar as barreiras à mudança será essencial para garantir uma transição rápida e eficaz para um futuro energético sustentável e livre de carbono.
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