Segundo reportagem de Chico Alves, no portal ICL Notícias, o subprocurador-geral Lucas Furtado, do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), apresentou uma denúncia na segunda-feira, 17 de junho, levantando suspeitas sobre o relacionamento político do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. A questão foi motivada por um jantar oferecido pelo governador ao presidente do BC no dia 10 de junho, além de rumores de que Campos Neto possa integrar a equipe de Tarcísio, caso este concorra à presidência.
Furtado argumenta que a presença de Campos Neto em um evento promovido por um possível candidato oposicionista configura um claro conflito de interesses. Ele ressaltou que as elevadas taxas de juros têm dificultado a implementação dos projetos de investimento da atual gestão, especialmente nas áreas de infraestrutura e políticas sociais.
Na sexta-feira, 14 de junho, Furtado já havia solicitado ao TCU que apurasse a possível influência de bancos e instituições financeiras na definição dos índices pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Ele incluiu na denúncia uma matéria do portal ICL Notícias sobre o assunto.
Na nova denúncia, Furtado pede ao TCU que avalie a política monetária implementada pelo Banco Central para controlar a inflação e definir a taxa básica de juros, sugerindo o aumento do recolhimento da parcela dos depósitos que os bancos devem manter no Banco Central, o chamado “compulsório”, em vez de focar apenas na taxa de juros. Furtado afirmou ao ICL Notícias: “A inflação deve ser combatida, ela afeta a todos. Mas peço que a dose na taxa de juros seja menor. Na nova representação, peço para verificar se outro instrumento da política monetária seria viável, que seria o recolhimento compulsório”. Ele explicou: “Isso não penaliza tanto a população. Por que não se pergunta a opinião da população, somente a dos bancos?”.
Além disso, ele criticou a maneira como o Banco Central vem tratando a política de juros no país, afirmando que as controvérsias estão aumentando. O jantar oferecido por Tarcísio a Campos Neto é citado como um exemplo dessas controvérsias.
Furtado também questiona a metodologia do Relatório Focus para estabelecer a taxa Selic, admitindo que tomou conhecimento dos detalhes a partir dos comentários de Eduardo Moreira no ICL Notícias. Ele espera que o Banco Central forneça os esclarecimentos solicitados pelo ICL Notícias por meio da Lei de Acesso à Informação, destacando que a entidade deve seguir os princípios de transparência e publicidade.
O Cafezinho também teve acesso à íntegra da denúncia de Lucas Furtado, que pode ser baixada aqui.
Sobre a efetividade da resposta do TCU à sua denúncia, Furtado não faz prognósticos, mas espera que a questão receba a devida importância. Não há prazo definido para que o pedido seja distribuído a um relator do tribunal.