O projeto de lei que iguala o aborto após a 22ª semana ao crime de homicídio deve ter sua votação adiada na Câmara dos Deputados, conforme reportagem do Globo.
O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), da bancada evangélica, indica que a análise pode ser postergada para após as eleições municipais. A proposta, inicialmente acelerada por uma votação de urgência, enfrenta forte oposição nas redes sociais e protestos nas ruas em várias capitais brasileiras.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não definiu um relator para o projeto nem uma data para a discussão do mérito, apesar de ter conduzido a votação da urgência em tempo recorde. As manifestações do fim de semana evidenciam a resistência ao projeto, com atos registrados em pelo menos oito capitais.
Enquanto isso, o governo, que não se opôs inicialmente à tramitação urgente, agora sinaliza que atuará para impedir o avanço da proposta no Congresso.
A reação negativa motivou uma mudança de postura tanto do autor do projeto quanto do líder do governo na Câmara, que buscam diálogo com a bancada evangélica para possivelmente rever a estratégia.
A proposta, que também endurece as penalidades para mulheres que realizem abortos após o prazo estabelecido, vem em um momento de polarização política, com o governo buscando se aproximar de grupos evangélicos enquanto enfrenta pressões de diversos setores da sociedade civil contrários ao endurecimento das restrições ao aborto.
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