No recente estudo realizado pela Universidade do Sul da Califórnia (USC), cientistas revelaram que o núcleo interno da Terra está desacelerando em relação à superfície do planeta.
As implicações dessa descoberta ainda não são completamente compreendidas, mas há especulações de que a duração dos dias pode ser afetada. A pesquisa foi publicada na revista Nature na quarta-feira, 12 de junho.
A rotação do núcleo interno da Terra tem sido amplamente debatida na comunidade científica. Algumas pesquisas anteriores sugeriam que ele girava mais rapidamente do que a superfície do planeta.
No entanto, o estudo da USC apresenta novas evidências de que, desde 2010, o núcleo interno está diminuindo sua velocidade de rotação, movendo-se mais lentamente do que a superfície terrestre.
John Vidale, professor-reitor de Ciências da Terra na Faculdade de Letras, Artes e Ciências da USC Dornsife, explica que essa desaceleração pode alterar a duração de um dia em frações de segundo, embora isso possa ser imperceptível.
“É muito difícil notar, na ordem de um milésimo de segundo, quase perdido no barulho dos oceanos agitados e da atmosfera”, afirma Vidale.
O núcleo interno da Terra é uma esfera sólida composta por ferro-níquel, cercada por um núcleo externo líquido, também de ferro-níquel.
Com aproximadamente o tamanho da Lua, ele está localizado a mais de 4.800 quilômetros da superfície, tornando impossível sua visita ou visualização direta. Por isso, os cientistas utilizam ondas sísmicas de terremotos para estudar seu movimento.
Ao longo das últimas décadas, pesquisadores analisaram diversos terremotos, incluindo eventos sísmicos repetidos que ocorrem no mesmo local. Esta análise permite a produção de sismogramas idênticos, registros dos movimentos do solo.
No estudo recente, cientistas compilaram e analisaram dados sísmicos de 121 terremotos repetidos ocorridos nas Ilhas Sandwich do Sul entre 1991 e 2023. Também utilizaram dados de testes nucleares soviéticos, franceses e americanos, além de outros estudos.
Vidale explica que a desaceleração do núcleo interno foi causada pela agitação do núcleo externo, que gera o campo magnético da Terra, e pelos “puxões” gravitacionais das regiões densas do manto rochoso sobreposto.
“Quando vi pela primeira vez os sismogramas que sugeriam esta mudança [desaceleração], fiquei perplexo”, diz Vidale.
“Mas quando encontramos mais duas dúzias de observações sinalizando o mesmo padrão, o resultado foi inevitável. O núcleo interno desacelerou pela primeira vez em muitas décadas. Outros cientistas defenderam recentemente modelos semelhantes e diferentes, mas o nosso estudo mais recente fornece a resolução mais convincente”, conclui Vidale.
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