Parece que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), está realmente preocupado com a repercussão negativa do PL 1904/24, que pune mulheres e crianças vítimas de estupro que realizarem aborto.
Nas últimas 24 horas, surgiram na imprensa diversas informações de que Lira escolheria a deputada Benedita da Silva (PT) como relatora do texto e que ela seria a interlocutora dele com a bancada feminista para essa pauta.
Fontes na liderança do partido revelaram à coluna que nenhum deputado do partido foi chamado para dialogar sobre a pauta. Além disso, pessoas próximas à deputada e em seu gabinete confirmaram que não houve qualquer convite ou reunião entre Lira e Benedita para tratar especificamente do assunto. “Não houve diálogo”, afirmou a fonte consultada pela coluna.
Como a deputada participa do colégio de líderes, é comum que ela esteja nas reuniões na residência oficial, mas não houve qualquer discussão específica sobre sua participação nas discussões do projeto. Além disso, a deputada já se posicionou contrária ao texto atual, assim como a setorial de Mulheres do PT.
Parlamentares consultados pela coluna veem na situação um movimento desesperado de Lira, que chegou a declarar ao site Valor que, após a votação da urgência do projeto, conversou com Benedita, coordenadora da bancada feminina, para que o colegiado indique uma relatora para a proposta.
A deputada ainda não se manifestou publicamente sobre a possibilidade, e a situação vem criando uma verdadeira crise em seu gabinete. Desde a noite desta quinta-feira (13), Benedita tem sido alvo de ataques da direita e críticas da esquerda. Pessoas próximas à deputada afirmam que seu silêncio deve-se à expectativa de que Lira realmente converse com ela e faça o convite para a relatoria.