A China inaugurou recentemente a maior usina solar do mundo em Xinjiang, com capacidade de 3,5 gigawatts, abrangendo mais de 13.300 hectares.
A usina, operada pela CGDG e Power Construction Corp of China (PowerChina), está localizada em uma região desértica de Urumqi, a capital de Xinjiang.
A instalação tem o potencial de gerar aproximadamente 6.090 milhões de quilowatts-hora por ano, o que seria suficiente para abastecer regiões como Papua Nova Guiné.
Além de expandir a pegada energética da China, Xinjiang também é um ponto crucial na produção de polisilício, um componente essencial para as células fotovoltaicas utilizadas em painéis solares.
A região é sede de quatro das cinco maiores fábricas de polisilício do mundo, o que coloca em evidência o baixo custo energético local, derivado da abundância de carvão.
Entretanto, a escolha de Xinjiang como local para tal desenvolvimento traz à tona questões controversas. Organizações como a Anistia Internacional e a ONU têm apontado para supostas “graves violações dos direitos humanos” na área, incluindo supostamente o “encarceramento em massa, tortura e perseguição sistemática” dos uigures, tratados como minorias muçulmanas pela China.
Estes relatos buscam dizer que a região pode estar envolvida em práticas de trabalho forçado, especialmente em setores dependentes de mão de obra intensiva, como o de energia renovável.
Pesquisas como a realizada pela Sheffield Hallam University destacam como o trabalho forçado pode afetar toda a cadeia de suprimentos e alcançar mercados internacionais, tornando a indústria solar “particularmente vulnerável“.
A dependência de Xinjiang por componentes críticos como polisilício é notável, visto que a região representa 45% do fornecimento global de material de qualidade solar.
Em face dessas controvérsias, surgem pedidos por maior transparência e cuidado nas cadeias de suprimentos. A situação em Xinjiang coloca os investidores e consumidores globais diante de um dilema ético: apoiar a expansão da energia renovável enquanto se confrontam com as implicações sociais e humanitárias dessa escolha.
Com informações do CPG