Cresce a insatisfação em relação ao deputado e líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT) e o resultado da votação do Projeto de Lei (PL) 1409/2024, que pune mulheres vitimas de estupro, escancarou mais uma crise em uma semana delicada para o governo.
Nos grupos de Whatsapp da base governista e também em conversas reservadas, ficou latente a consternação de algo considerado por alguns como “mais uma humilhação que o Guimarães impõe para nós).
Além disso, outra reclamação que tomou conta das conversas foi sobre a maneira improvisada e despreocupada que lidou com um tema polêmico, se restringindo apenas a dizer que o PL que trata sobre o aborto acima de 22 semanas (e que consequentemente pune vitimas de estupro), simplesmente não é um tema de interesse do governo.
O que o deputado fez foi apenas repedir os dizeres escritos na folha de orientação da bancada governista. Ainda naquela noite, alguns parlamentares questionaram qualquer seria a posição do governo. Receberam como resposta a folha de orientação do governo com a indicação de que o tema não seria de interesse do governo. Quando perceberam que a posição poderia render algumas polêmicas, passaram a dizer a quem pedisse a folha que, por ser uma pauta do plenário não teriam uma folha de orientação.
Nos grupos de Whatsapp Guimarães foi chamado criticado pela falta de diálogo com demais parlamentares da base, acusando a posição do líder do governo de ser movida por precipitação. Entre os mais exaltados, havia quem o chamasse de despreparado e covarde.
A situação acabou levando à tona uma reclamação antiga de parlamentares: o líder do governo vai para maioria (se não todas) as votações sem contar os votos que o governo possuí. Diferente de outros líderes que o governo teve, Guimarães é acusado constantemente de não se preocupar em contar os votos do governo, tampouco acompanhar ou cobrar votos da base que as vezes contrariam o governo. “Um verdadeiro faz quem quer, como quiser”, disse um parlamentar ouvido pela coluna.
Não é a primeira vez que Guimarães incomoda a a base governista e principalmente os parlamentares petistas, ainda em março quando eram discutidas as composições das comissões permanentes da casa, Guimarães se apressou em aceitar o acordo com Arthur Lira que colocava o Nikolas Fereira (PL) no comando da comissão de educação e Carolina de Toni (PL) na Comissão de Constituição e Justiça. A posição do parlamentar irritou parlamentares petistas que chegaram a ensaiar ignorar e líder do governo e irem para o embate e disputa das comissões.
Na ocasião, o próprio deputado petista e mineiro Rogério Correia, que é próximo do deputado Guimarães, fez uma publicação em suas redes sociais anunciando que a bancada progressista iria romper o acordo e votar em outro candidato que não fosse o Nikolas Ferreira. Porém, na hora da votação, nenhum outro candidato ofereceu seu nome. Com isso, a publicação do deputado não fez muito sentido. Como o PT anunciaria voto em outro candidato se não havia outro candidato?
Embora constantemente o líder do governo na Câmara seja alvo de reclamações, é praticamente um consenso de que ele deve se manter na posição e que não deve ser removido tão cedo. Enquanto isso, ao que tudo indica, o governo seguirá indo para as votações sem saber quantos votos tem.