Conservadores franceses destituem líder Eric Ciotti por apoiar pacto com Le Pen

Eric Ciotti é visto deixando a sede do partido LR em Paris, enquanto partidos políticos franceses tentam formar alianças antes das eleições legislativas antecipadas na França [Sarah Meyssonnier/Reuters].

A medida ocorre enquanto o presidente Emmanuel Macron busca uma aliança contra a extrema-direita na França antes das próximas eleições.

O partido conservador francês Os Republicanos anunciou que removeu o líder Eric Ciotti por tentar formar uma aliança eleitoral com o partido de extrema-direita Reunião Nacional (RN) de Marine Le Pen, embora Ciotti tenha insistido que ainda estava no cargo.

O comitê político dos Republicanos votou por unanimidade para remover Ciotti, disse a deputada Annie Genevard na quarta-feira, acrescentando que o partido “apresentará candidatos ao público francês com clareza e independência” nas eleições antecipadas convocadas pelo presidente Emmanuel Macron para os dias 30 de junho e 7 de julho.

“Eu sou e permaneço o presidente” do partido, retrucou Ciotti em uma postagem no X, chamando a decisão do comitê de “uma flagrante violação de nossos estatutos” que era ilegal e nula.

Tradução do Post: A reunião organizada esta tarde foi implementada em flagrante violação dos nossos estatutos@lesRepublicains. Nenhuma das decisões tomadas nesta reunião tem quaisquer consequências jurídicas. Pode ter consequências criminais. Sou e continuo sendo o presidente do nosso partido político, eleito pelos associados!
Tradução do contexto: De acordo com o artigo 24-3 dos estatutos do partido, menciona que o Bureau Político pode se reunir à iniciativa de 1/4 dos membros do Conselho Nacional. Por conseguinte, as decisões tomadas nesta reunião extraordinária não envolvem nenhuma consequência legítima.

Uma revolta em massa irrompeu entre os pesos-pesados dos Republicanos após Ciotti anunciar seu acordo com o RN na TV na terça-feira.

Ele fechou a sede do partido perto da Assembleia Nacional na quarta-feira, depois que o comitê político convocou uma reunião de emergência, dizendo que “nunca houve qualquer reunião planejada na sede esta tarde”.

Ciotti afirmou que a medida foi para a segurança dos funcionários “depois de receber ameaças”.

O político de Nice, no sudeste da França, “não era mais presidente a partir do segundo em que tomou essa decisão insana” de anunciar uma aliança com o RN, disse o deputado sênior Aurélien Pradié anteriormente à emissora France 2.

Longo um “partido de governo” que trouxe presidentes como Nicolas Sarkozy e Jacques Chirac ao poder, os Republicanos têm sido espremidos entre os centristas do presidente Emmanuel Macron e a extrema-direita desde 2017.

Os líderes têm lutado para traçar um curso independente, às vezes se aliando ao governo minoritário de Macron para aprovar leis importantes e, em outras, ameaçando moções de censura.

Macron defende eleições antecipadas

Depois que Macron anunciou eleições antecipadas no domingo após a derrota nas eleições europeias, Ciotti declarou na terça-feira que havia feito um acordo eleitoral com o RN, pegando grande parte de seu próprio partido de surpresa.

“Na política, a resposta não são acordos de coalizão, pequenos pactos feitos a portas fechadas para garantir circunscrições”, disse Laurent Wauquiez, presidente republicano da região de Auvergne-Rhône-Alpes.

“Tentamos convencer as pessoas, podemos falhar em convencer as pessoas. Mas fazemos isso de forma clara e com coragem”, acrescentou. “Os Republicanos têm que comunicar suas ideias de forma simples, mas clara, nesta batalha legislativa.”

Annie Genevard, secretária-geral do partido conservador francês Les Republicains, fala ao lado de Bruno Retailleau, Michèle Tabarot e Laurent Wauquiez durante uma coletiva de imprensa após uma reunião de emergência convocada pelos líderes do partido LR em Paris [Sarah Meyssonnier/Reuters].

Enquanto isso, Macron defendeu na quarta-feira sua decisão de convocar a votação antecipada em um discurso que equivaleu a uma campanha, e instou os partidos de ambos os lados do centro político a se juntarem a ele na batalha contra a extrema direita.

Macron, que descartou renunciar se sua aliança governante perder, pediu aos “nossos compatriotas e líderes políticos que não se reconhecem na febre extremista” que “construam um novo projeto… uma coalizão para governar”.

Macron convocou a eleição no domingo após o RN, anti-imigração e eurocético, sair vitorioso na votação para o Parlamento Europeu.

Espera-se que o RN ganhe 31% dos votos na primeira rodada da votação nacional em 30 de junho, enquanto uma aliança de esquerda obteria 28%, mostrou uma pesquisa da Elabe na quarta-feira.

A chapa de Macron é vista conquistando 18%.

Comentadores políticos dizem que a batalha entre a extrema direita e a esquerda determinará quem sairá vitorioso na eleição legislativa, que será decidida na segunda rodada em 7 de julho.

FONTE: AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

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