Esperada desde o segundo semestre do ano passado, a reforma ministerial terá que esperar mais um pouco. Segundo membros do Palácio do Planalto, as eleições municipais deste ano e as eleições para as presidências da Câmara e do Senado fazem com que o presidente Lula evite fazer movimentos mais ousados na sua articulação política e nos ministérios.
Na avaliação de membros da articulação política, há muito “terrorismo” sobre os problemas na área e o melhor momento para essas movimentações é na segunda metade do mandato, como uma espécie de “arranque final” para a próxima disputa presidencial.
Por outro lado, na base governista, há a percepção de que a disposição do presidente em atuar na articulação política não é a mesma de antes. Segundo uma das fontes ouvidas pela coluna, “Lula entrou na articulação direta, mas não se sabe até quando”, indicando que isso poderia não durar muito tempo. A cisma não é injustificada: a famigerada vinda de Lula para a mesa de negociações com o Congresso Nacional é anunciada desde o ano passado, mas sempre sem efeitos contínuos e apenas de maneira pontual em crises que, em sua maioria, envolvem Arthur Lira (PP) e algum membro do Palácio do Planalto.
O governo também quer fazer um balanço mais aprofundado de como os ministros de outros partidos com ministérios na Esplanada estão apoiando ou não o governo em votações importantes. Como boa parte dos parlamentares e até mesmo ministros já estão envolvidos nas eleições municipais, não seria o melhor momento para medir esse impacto.
Na avaliação do governo, ainda há tempo para que mudanças possam ser feitas, sejam elas na articulação política, sejam elas nas lideranças no Congresso Nacional. Além disso, há também a preocupação para que não convertam aliados em desafetos com alguma movimentação equivocada.
Um exemplo do quão delicado é o cenário é o episódio envolvendo os palacianos Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social) e Márcio Macedo (Secretaria-Geral da Presidência da República): Lula queria remover Macedo de sua posição e colocar Pimenta em seu lugar, proposta que foi prontamente recusada pelo ministro, que afirmou que só sairia da pasta atual se fosse para a Casa Civil ou Secretaria das Relações Institucionais (SRI).
Além disso, ainda há a incógnita sobre o destino de Edinho Silva (PT), atual prefeito de Araraquara e nome mais do que garantido para uma vaga na administração federal após o término de seu mandato. O prefeito é tido como um grande articulador político e também como o melhor nome para alavancar a tão criticada comunicação do governo, só isso já o coloca como cotado para o SRI, SECOM ou até mesmo Casa Civil. Até mesmo para o posto hoje ocupado por Márcio Macedo ele já foi cotado.
Uma fonte Palaciana questionada sobre a reforma ministerial respondeu em tom de brincadeira: “na volta a gente compra”.