Para o governo, esta semana, especialmente a reunião de líderes da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (14), será crucial para as intenções do presidente da casa, Arthur Lira (PP), e para determinar se ele se alinhará ao bolsonarismo ou procurará manter uma postura centrada para eleger Elmar Nascimento (UNIÃO).
O governo acredita que, passada a comoção com o Rio Grande do Sul, o deputado deve abandonar o ar de moderado e tentar pressionar o governo com uma série de pautas-bomba. Entre parlamentares da base governista e até mesmo do centrão, que não estão totalmente alinhados ao governo, há uma avaliação de que Lira tem adotado uma postura autoritária na condução das pautas e votações, frequentemente impondo suas ambições pessoais acima dos interesses legislativos. A complacência com a falta de decoro de diversos parlamentares de extrema direita da casa, que só recebem reprimendas e broncas a portas fechadas, sem nenhum efeito prático, tem irritado muitos deputados.
Na avaliação de setores do governo, a forma como Lira conduzirá esses temas definirá, inclusive, seu próprio futuro político. Se o presidente da casa continuar insistindo em pautas-bomba, há uma forte tendência de que o nome de Elmar Nascimento seja vetado pelo governo, fortalecendo assim o nome de Antonio Brito (PSD), considerado mais comprometido com o retorno à normalidade no país e na política, evitando temas polêmicos ou embates desnecessários com outros poderes.
O nome de Brito faz parte de uma articulação mais ampla que pode incluir um acordo com o senador Renan Calheiros e seu partido, o MDB. O presidente do PSD, Gilberto Kassab, chegou a procurar Calheiros no início deste ano para sugerir um acordo. Há uma preocupação, tanto de Calheiros quanto do governo, de que o UNIÃO BRASIL assuma a presidência das duas casas, Senado e Câmara. Esta possibilidade também incomoda importantes nomes do centrão, que veem nesse movimento um risco de “desbalanceamento” das relações políticas em Brasília.