A narrativa delirante de setores da direita brasileira, de que o governo Lula teria afastado o Brasil de seus “tradicionais” parceiros comerciais, como EUA e Europa, em função de uma aproximação ideológica com o Sul Global, especialmente com os Brics, não se sustenta na realidade.
Quer dizer, é verdade que o Brasil estreitou relações com o Sul Global, e não apenas com os Brics.
Mas isso não prejudicou, em nada, nossas relações comerciais, diplomáticas e políticas com o Norte Global.
Ao contrário, as exportações brasileiras para os Estados Unidos nos primeiros cinco meses do ano, segundo dados divulgados hoje pelo governo, atingiram um recorde histórico, de US$ 16 bilhões, 14% acima do resultado no mesmo período de 2023, que também havia sido um recorde.
Com a Europa, a mesma coisa. Continuamos amigos, e fazendo mais negócios como jamais fizemos. As exportações brasileiras para a Europa em Jan/Mai deste ano não foram um recorde histórico, mas quase o foram, pois corresponderam ao segundo melhor resultado da história, US$ 19,19 bilhões.
O saldo comercial total do Brasil, nos 12 meses terminados em maio, também correspondeu a um recorde histórico, atingindo impressionantes US$ 100,25 bilhões, com um crescimento de 42% sobre o período anterior!
Interessante notar que nossas relações comerciais se tornaram imensamente diversificadas. É verdade que a Ásia, por exemplo, representa mais de um quarto deste montante. O saldo comercial com a Ásia chegou a US$ 26,33 bilhões em Jan/Mai 2024.
Mas exportamos para muitas outras regiões.
Nosso saldo comercial com a África, por exemplo, foi igualmente o maior da história em 2024 (até maio), atingindo US$ 2,86 bilhões.
Aliás, em termos de saldos comerciais, é o Sul Global que se destaca, pois é com esses países que as trocas são mais vantajosas para nós.
O único ponto negativo, na relação com o Sul Global, é a queda do saldo para a América do Sul, fruto sobretudo da queda de nossas exportações para a Argentina. Após o início do Javier Milei, cujas políticas suicidas tem destruído rapidamente a economia do nosso vizinho, as exportações brasileiras para a Argentina caíram de US$ 7 bilhões em Jan/Mai do ano passado, para US$ 5 bilhões este ano.
Felizmente, temos outros compradores para nossos produtos.
Nosso saldo com o oriente médio também foi recorde histórico, US$ 4,3 bilhões em Jan/Mai.
Aliás, com exceção da América do Sul (por causa da Argentina), União Europeia e EUA (com os quais temos déficit), nosso saldo comercial bateu recorde com todas as outras regiões do mundo.
Todos os gráficos e tabelas deste post foram feitos com base no banco de dados Comexstat, do Ministério da Indústria e Comércio.