A Comissão Europeia planeja impor taxas provisórias sobre veículos elétricos fabricados na China a partir de 4 de julho, segundo informações divulgadas a montadoras chinesas por autoridades da UE.
A medida surge como parte de uma investigação sobre os subsídios à indústria de veículos elétricos da China, que já gerou tensões na relação bilateral.
Representantes de uma associação automobilística chinesa foram informados em uma reunião em Bruxelas, na segunda-feira, sobre a imposição dos direitos provisórios, embora a taxa específica ainda não tenha sido divulgada.
A Comissão tinha previsão inicial de anunciar as taxas em 5 de junho, mas optou por adiar. Após a imposição em julho, terá quatro meses para decidir sobre a permanência dos direitos, em consulta com os Estados-membros.
“Essa é uma investigação em andamento, não vamos comentar. Estaremos em condições de anunciar alguns elementos provisórios muito em breve”, afirmou Olof Gill, porta-voz comercial da UE.
A decisão da Comissão Europeia tem causado controvérsia, com debates intensos entre apoiadores da taxação, que incluem securocratas preocupados com a segurança de dados e nacionalistas econômicos, e opositores que argumentam que as tarifas distorcem os mercados e comprometem os esforços de descarbonização da UE.
Na Alemanha, vozes poderosas se levantaram contra as taxas, dado o impacto nos custos de transporte de veículos fabricados na China para a Europa. O chanceler Olaf Scholz expressou publicamente suas dúvidas sobre a investigação.
Com a aproximação das eleições para o Parlamento Europeu, surgiram especulações de que a Comissão poderia adiar a divulgação das taxas para evitar influenciar o resultado eleitoral.
Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores da China, através do oficial Wang Lutong, expressou no X a disposição da China em proteger os interesses de suas empresas.
Analistas do Rhodium Group e do Instituto Kiel para a Economia Mundial avaliam que taxas inferiores a 50% seriam insuficientes para dissuadir importações e proteger a indústria automotiva da UE.
Enquanto isso, a China sinaliza possíveis retaliações, incluindo tarifas sobre produtos europeus estratégicos como carne de porco e aviões.
A situação atual destaca o delicado equilíbrio entre proteção industrial e relações comerciais internacionais, com potencial para escalada em uma guerra comercial tit-for-tat.
Com informações da SCMP