Hora de focar na Indústria, não na Guerra.
O Ministro francês Bruno Le Maire admitiu recentemente seu temor diante do crescente sucesso econômico da China, alertando que a produção cada vez maior de dispositivos industriais mais baratos pelo país asiático representa uma ameaça significativa não apenas para a União Europeia e os Estados Unidos, mas para a economia mundial como um todo. Em entrevista à Bloomberg Television, Le Maire enfatizou: “Precisamos resolver esse problema.”
As principais nações industrializadas estão unindo forças para enfrentar o desafio representado pela capacidade excessiva da China, que ameaça seus próprios fabricantes nacionais. Em uma reunião dos chefes financeiros do G-7 em Stresa, Itália, o país foi explicitamente citado, com os líderes concordando em “responder às práticas prejudiciais” e “considerar a tomada de medidas para garantir condições de concorrência equitativas.” Essa linguagem marca uma escalada em relação aos comunicados mais neutros sobre comércio que costumavam ser emitidos.
A declaração do G-7 veio após o anúncio de Washington de que o presidente Joe Biden reimporá tarifas sobre centenas de produtos importados da China. Simultaneamente, a União Europeia está perto de concluir uma investigação sobre subsídios a veículos elétricos chineses, o que provavelmente resultará em medidas defensivas contra essas exportações.
Embora se preveja que as tarifas da UE sejam significativamente menores que as dos EUA e baseadas em uma abordagem diferente no âmbito das regras e procedimentos da Organização Mundial do Comércio, o impacto será significativo.
Durante a reunião do G-7, Le Maire destacou a necessidade de os países membros fortalecerem o intercâmbio de informações e estabelecerem uma avaliação conjunta das práticas industriais chinesas. No entanto, ele insistiu que a UE possui todas as ferramentas necessárias para restabelecer condições de concorrência justas. “Não se engane quanto à determinação dos países da UE e da determinação francesa”, afirmou Le Maire.
Uma prioridade fundamental para Le Maire é a Inteligência Artificial, onde a França pretende manter sua liderança na Europa. Esse setor tem atraído capital estrangeiro, com a Microsoft Corp. anunciando recentemente 4 bilhões de euros em investimentos na infraestrutura de nuvem e IA francesa. A Mistral AI, sediada em Paris, também firmou uma parceria com a Microsoft em fevereiro. Le Maire salientou que, no momento, o objetivo é aumentar a cooperação, e não bloqueá-la, referindo-se aos investimentos da Microsoft como “muito bem-vindos.”
Esse cenário levanta a questão crucial: talvez seja hora de os países ocidentais repensarem suas prioridades e focarem menos em investimentos militares e mais no fortalecimento de suas indústrias. A ascensão econômica da China é um sinal claro de que o futuro pertence àqueles que investem na inovação e no desenvolvimento industrial.