O deputado federal Danilo Forte (União Brasil-CE), relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), acusou o governo federal de não ter uma estratégia clara para a aprovação do projeto no Congresso Nacional.
Em entrevista ao jornal Estadão, ele destacou que ações do governo parecem contrárias aos seus próprios interesses, visando apenas a aprovação pública.
Forte ressaltou a falta de alinhamento dentro do governo, citando que muitos estão focados em suceder o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que enfraquece a unidade governamental.
“Tem muita gente dentro do governo pensando em suceder o Lula”, disparou o parlamentar, sem citar nomes. “Cada um faz a sua agenda própria e isso enfraquece a ação do próprio governo“, emendou.
Ele criticou especificamente a postura do Palácio do Planalto em questões como a taxação de produtos importados de até US$ 50, apontando que mesmo com o suporte de setores econômicos, há uma orientação governamental para votar contra a medida para manter uma imagem favorável junto à opinião pública.
“Pior ainda porque setores da área econômica apoiaram a taxação. Aí vem a orientação da liderança do governo para votar contra porque quer ficar bem com a opinião pública. O governo não pode ser o beneficiário disso e algoz do plenário”, explicou o parlamentar.
“Justiça seja feita: eu vejo no ministro Haddad espírito público, mas ele não pode ficar com a bola nas costas”, completou.
O relator também comentou sobre as dificuldades impostas pelo veto presidencial a propostas que poderiam ajudar na arrecadação federal e na autonomia do Parlamento.
“Quando o próprio presidente diz que vai vetar se o Congresso aprovar uma matéria dessas, quem cuida da arrecadação e trabalha para ter equilíbrio fiscal está sendo, no mínimo, maltratado”.
Ele mencionou o veto ao calendário de pagamento de emendas parlamentares, que segundo ele, engessaria o governo se fosse especificado por lei.
Forte destacou ainda a necessidade de um diálogo mais maduro entre o Palácio do Planalto e as Casas legislativas, criticando a falta de maturidade política de figuras chave como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
O deputado concluiu que a economia será um fator decisivo na próxima eleição presidencial e apontou a necessidade de apresentar uma alternativa viável de centro-direita que possa trazer credibilidade a um projeto de retomada econômica.
“A disputa nacional é muito em função da questão econômica. Se a economia não der respostas e o país ficar patinando nesses números medíocres de estagnação, isso enfraquece muito o governo e facilita um processo de renovação. É necessário que se apresente uma alternativa, no campo de centro-direita, capaz de dar mais credibilidade a um projeto de retomada, principalmente da economia”.
Ele citou como possíveis candidatos Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo; Ronaldo Caiado, governador de Goiás; Ratinho Junior, governador do Paraná; Tereza Cristina, senadora pelo PP-MS; e ACM Neto, ex-prefeito de Salvador.
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