Impedida pelo governo americano de vender na China alguns tipos de chip, Nvidia está perdendo clientes no maior mercado do mundo
O chip de IA mais avançado da Nvidia desenvolvido para o mercado chinês teve um início fraco, com a abundância de oferta forçando seu preço a ficar abaixo de um chip rival da gigante tecnológica chinesa Huawei, de acordo com fontes familiarizadas com o assunto.
A queda nos preços destaca os desafios que a Nvidia enfrenta na China, em meio a sanções dos EUA sobre exportações de chips de IA e concorrência acirrada, lançando uma sombra sobre seu futuro em um mercado que contribuiu com 17% de sua receita no ano fiscal de 2024.
A crescente pressão competitiva na China também serve de alerta para os investidores da empresa de semicondutores dos EUA, cujas ações tiveram uma alta impressionante após a previsão de receita recorde na última quarta-feira.
A Nvidia, que domina o mercado de chips de inteligência artificial (IA), introduziu três chips adaptados para a China no final do ano passado após as sanções dos EUA impedirem a exportação de seus semicondutores mais avançados.
Entre esses chips, o H20 é o mais observado, sendo o produto mais poderoso da Nvidia vendido na China. No entanto, três fontes da cadeia de suprimentos disseram à Reuters que há uma oferta abundante do chip no mercado, sinalizando uma demanda fraca. Isso resultou na venda de chips H20, em alguns casos, com um desconto de mais de 10% em relação ao Ascend 910B da Huawei – o chip de IA mais poderoso de uma empresa chinesa.
Características e diferenças dos chips
Os chips da Nvidia e da Huawei possuem diferentes características que os distinguem de outros modelos no mercado. O H20 da Nvidia é notável por sua alta capacidade de memória, o que o torna adequado para cargas de trabalho intensivas de IA. No entanto, o H100, outro chip avançado da Nvidia, é banido na China devido às sanções dos EUA, o que também afeta a competitividade da empresa no mercado chinês.
Por outro lado, o Ascend 910B da Huawei destaca-se por seu desempenho em métricas-chave específicas, como eficiência energética e capacidade de processamento, tornando-o um concorrente formidável. A Huawei começou a desafiar a Nvidia no ano passado e planeja aumentar dramaticamente suas remessas do Ascend 910B este ano, conforme relataram as fontes.
Perspectivas incertas
Os analistas afirmam que, embora a Nvidia esteja se esforçando para capturar participação de mercado, o cenário é cada vez mais incerto. A participação global da China na indústria de IA deve ultrapassar 30% em 2035, segundo um relatório da empresa chinesa de pesquisa de mercado CCID Consulting.
A Nvidia caminha sobre uma linha tênue, tentando equilibrar a manutenção do mercado chinês com as tensões dos EUA. Durante o primeiro trimestre de resultados da Nvidia na última quarta-feira, executivos seniores alertaram que os negócios da empresa na China estão “substancialmente” mais baixos devido às sanções.
Outro grande obstáculo para o sucesso do chip H20 na China tem sido uma diretiva de Pequim para que as empresas comprem chips chineses. No entanto, duas das três fontes disseram que essas ordens diminuíram nos últimos meses. Algumas gigantes da tecnologia chinesa já fizeram pedidos, com a Alibaba encomendando mais de 30.000 chips H20.
Distribuidores de servidores na China estão vendendo o H20 a preços em torno de 100.000 yuan por placa, enquanto o servidor de oito placas está sendo vendido por cerca de 1,1 a 1,3 milhões de yuan. Em comparação, distribuidores estão vendendo o Huawei 910B a mais de 120.000 yuan por placa, enquanto o servidor equivalente de oito placas começa em 1,3 a 1,5 milhões de yuan.
Dylan Patel, fundador do grupo de pesquisa SemiAnalysis, disse que quase um milhão de chips H20 serão enviados para a China na segunda metade de 2024, e a Nvidia deve competir com a Huawei em termos de preços. “O H20 custa mais do que um H100 para fabricar devido à sua maior capacidade de memória”, disse Patel, acrescentando que ele está sendo vendido pela metade do preço do H100.
A Nvidia enfrenta desafios significativos para manter sua posição no mercado chinês de IA em meio às sanções dos EUA e à concorrência crescente da Huawei. A empresa precisa equilibrar sua presença no mercado chinês com as tensões geopolíticas, enquanto enfrenta pressão para ajustar seus preços e ofertas para permanecer competitiva.