O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participou de seminário do Instituto Brasileiro de Economia, da FGV, em que fez uma apresentação sobre a economia brasileira e mundial. A íntegra do material pode ser baixada aqui.
Eu separei alguns painéis que achei mais interessantes, e deixo um comentário acima de cada um.
- Resultado primário: o gráfico abaixo, com previsões do mercado até 2026, mostra que as contas públicas estão sob controle. Houve um déficit de 2% do PIB em 2023, mas para este ano, 2024, a expectativa do mercado (que é o mais conservador dos agentes, em geral inclusive pessimista demais) é de um déficit de 0,7% do PIB. Para 2025, o déficit primário deve cair para 0,63% e ficar em 0,5% em 2026. Lembrando que o governo tem meta de zerar o déficit este ano, e fazer superávits de 0,5% em 2025 e 1% em 2026.
- Taxa de juros: o gráfico explicita como os juros reais no Brasil, hoje em 6,65%/ano, são de uma ordem de magnitude superior em relação àqueles praticados pelas economias avançadas, que oscilam entre 1% e 2%. Mesmo entre emergentes, somos campeões mundiais, tendo sido ultrapassados apenas recentemente pelo México.
- Massa salarial: o conjunto de salários pagos no país experimenta uma forte alta desde 2022, movimento que se acelerou em 2023 e continua em 2024.
- Desemprego: a taxa de desemprego vem registrando uma queda consistente e contínua, retornando a mínimia histórica experimentada em 2014 (antes da Lava Jato iniciar sua campanha para destruir a economia nacional).
- População ocupada: Houve um aumento vigoroso da população ocupada, conforme se verifica no gráfico abaixo, que é um indicador (dez/19=100). Repare que o aumento tem sido mais expressivo ainda para o emprego formal, com carteira assinada.
- Carteira assinada: a quantidade de empregos com carteira assinada vem registrando crescimento importante desde 2021. Hoje são mais de 46 milhões de trabalhadores com carteira, um recorde histórico.
- Relevância econômica do Rio Grande do Sul: o presidente do Banco Central também fez um levantamento da importância da economia gaúcha em relação ao Brasil. O RS produz 6,5% de todas as riquezas nacionais; o seu agronegócio representa 12,7% do PIB nacional do setor; colabora com 8,6% da balança comercial, e a inflação no estado tem impacto de cerca de 8,6% no IPCA, que é o indicador nacional de inflação do IBGE.
Atividade econômica brasileira: também aqui temos boas notícias. Todos os setores da economia vem experimentando crescimento. Repare que a indústria também começou a reagir a partir do início deste ano.
- PIB 2024: as estimativas para o PIB deste ano, 2024, vem melhorando sensivelmente desde julho do ano passado. O FMI previu crescimento de 2,2% para o Brasil em 2024.
Inflação: os gráficos da inflação mostram um declínio claro dos principais indicadores. Houve um repique no início deste ano, mas a inflação anual já voltou a perder força. Ainda há alguma preocupação, todavia, com a inflação dos alimentos, mas os indicadores anuais ainda estão abaixo de 5%, ou seja, abaixo da meta do governo, que é manter este índice sempre abaixo de 5% ao ano.
- Exportações globais: os serviços digitais tem crescido de maneira extraordinária nos últimos anos, ao passo que as exportações globais de bens (soja, carros, café, qualquer coisa física) experimentou um crescimento forte entre 2020 e 2022, perde um pouco de força em 2023, mas ainda se mantém num patamar bastante elevado em relação a média anterior a 2020. O mundo cresceu nos últimos anos, puxado principalmente pelo desempenho do Sul Global.
- Atividade econômica da China: abaixo, temos quatro gráficos. Repare no gráfico da direita, na linha de cima, que trata de “novos empréstimos por setor”. É impressionante. A China conseguiu furar a sua enorme bolha imobiliária sem afetar a sua economia, porque passou a redirecionar os recursos financeiros do país para o setor industrial. Houve retirada de recursos, tanto de empréstimo como de investimento (ver o gráfico a esquerda, linha de baixo) do setor imobiliário, e deslocamento desse dinheiro para manufatura e infra-estrutura. No primeiro trimestre de 2024, a China exibe um PIB equilibrado, recebendo contribuições importantes do setor externo (exportações) e dos investimentos, mas com uma participação robusta, majoritária, do consumo.