A produção global de cacau está enfrentando uma ameaça sem precedentes, com países como Costa do Marfim, Gana, Camarões e Nigéria, que juntos somam 75% da oferta mundial, vivenciando uma possível redução drástica nos estoques ao menor nível desde a década de 1970.
O Brasil, outro produtor globalmente relevante, também relata números de produção abaixo do ideal. Especialistas apontam as mudanças climáticas como a principal causa dessa crise iminente.
A elevação das temperaturas está resultando em condições climáticas extremas, com plantações sendo devastadas por pragas em diversos países.
Condições de chuvas intensas seguidas por altas temperaturas e períodos de seca estão prejudicando gravemente as árvores de cacau, tornando-as mais suscetíveis a infestações e doenças devido ao manejo agrícola ineficiente e ao baixo uso de tecnologia, especialmente entre os pequenos produtores.
Segundo o Jornal da USP, a crise é exacerbada por fatores econômicos, incluindo os baixos preços pagos aos produtores de cacau. Esta precariedade financeira impede investimentos em melhorias na produção e no controle de pragas.
Flávio Gandara, professor da Universidade de São Paulo, destaca a interligação desses fatores, notando que o baixo preço do cacau desencadeia uma cadeia de dificuldades para os produtores.
“Pagar barato no chocolate é legal, mas isso pode acabar prejudicando toda essa cadeia, já que o produtor não tem dinheiro para investir na prevenção e controle da sua plantação, então o próprio preço baixo do cacau é um fator que atrapalha esse cultivo”, explicou.
“Sendo assim, podemos dizer então que é um conjunto de razões interligadas em que uma é potencializada pela outra nessa crise mundial”, emendou.
A situação no Brasil espelha os desafios enfrentados na África. A praga conhecida como vassoura-de-bruxa devastou as plantações na Bahia, modificando significativamente o sistema produtivo do Nordeste brasileiro.
Enquanto o Estado do Pará tenta compensar parte dessa perda, o aumento de produção ainda é insuficiente para suprir a demanda global.
Como resultado dessa crise multifatorial, espera-se que os consumidores enfrentem um aumento nos preços dos chocolates nos supermercados.
Além de mais caros, a variedade e a qualidade dos produtos também tendem a ser afetadas, resultando em menos opções disponíveis para os consumidores.