Em um movimento estratégico significativo, a Índia e o Irã assinaram, em 13 de Maio, um acordo de parceria de dez anos para o desenvolvimento do Porto de Chabahar.
Este acordo visa estabelecer uma rota comercial direta que conecte Índia, Irã e Afeganistão, consolidando o Corredor Internacional de Transporte Norte-Sul (INSTC), que se estende até a Rússia.
Este novo corredor é visto como um desafio direto ao proposto Corredor Índia-Médio Oriente-Europa (IMEC), apoiado pelos Estados Unidos, que buscava integrar a Índia com a Europa e a Ásia Ocidental, passando por Israel.
Analistas consideram que o acordo entre Deli e Teerão pode reconfigurar significativamente as dinâmicas comerciais e geopolíticas da região.
O desenvolvimento do Porto de Chabahar, sob o acordo trilateral entre Afeganistão, Irã e Índia, não apenas fortalece os laços econômicos e políticos entre os três países, mas também isola, ainda mais, os Estados Unidos e o Paquistão das novas rotas de comércio emergentes na região.
Ziaul Haq Sarhadi, ex-diretor da Câmara Conjunta de Comércio e Indústria Paquistão-Afeganistão, afirmou que o Paquistão já perdeu significativamente sua participação no comércio de trânsito com o Afeganistão devido ao desenvolvimento parcial de Chabahar e que o novo acordo pode transferir o restante desse comércio para os portos iranianos.
A resposta dos EUA a essa nova aliança foi de cautela e repreensão. Washington advertiu a Índia sobre as possíveis sanções que poderiam advir caso continuasse a investir em projetos iranianos, uma postura que reflete uma mudança nas prioridades estratégicas americanas.
Inicialmente, os EUA não se opuseram à participação indiana no projeto de Chabahar, vendo-o como um contraponto à Iniciativa Cinturão e Rota da China.
No entanto, a oficialização do acordo desencadeou um alerta americano para que os países vizinhos do Irã evitassem engajamentos comerciais com a república islâmica.
Além disso, durante uma visita do falecido presidente iraniano, Ebrahim Raisi, ao Paquistão, os EUA emitiram um aviso similar a Islamabad, indicando uma pressão constante para que alinhasse suas políticas com as expectativas americanas.
Este desenvolvimento ocorre em um contexto onde os BRICS, bloco econômico que inclui o Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, planejam reduzir a dependência do dólar americano, o que poderia ampliar ainda mais as implicações deste novo corredor comercial.
As repercussões do acordo de Chabahar se estendem até as exportações não petrolíferas do Irã, que enfrentam desafios significativos devido às sanções impostas.
Um relatório da Iran International aponta para um déficit comercial substancial, indicando um impacto profundo nas relações comerciais iranianas com seus principais parceiros.
Com informações do The Cradle