O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, anunciou na segunda-feira, 20, a decisão do governo federal de zerar o imposto de importação do arroz para países fora do Mercosul, após o bloco elevar os preços do cereal em até 30%.
A medida foi tomada em resposta à especulação de preços pelo Mercosul, de acordo com o ministro em entrevista ao G1.
A intenção inicial era comprar toneladas do cereal dos países vizinhos para aumentar a oferta no mercado interno e evitar altas de preços após a tragédia no Rio Grande do Sul, maior produtor do grão.
O leilão de compra, que seria realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) na terça-feira, 21, foi suspenso.
“Nós íamos comprar 100 mil toneladas, mas, pelos preços que eles estavam anunciando, nós íamos comprar só 70 mil“, explicou Fávaro na entrevista.
Após a elevação dos preços, Fávaro participou de uma reunião de emergência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Casa Civil, Rui Costa.
“A decisão foi do presidente”, afirmou Fávaro, referindo-se à suspensão do leilão e à isenção do imposto de importação do arroz.
Com a isenção das taxas para o restante do mundo, outros países podem competir com maior igualdade com o Mercosul. Recentemente, a indústria anunciou a intenção de importar 75 mil toneladas de arroz da Tailândia.
A isenção do imposto de importação, válida até 31 de dezembro de 2024, abrange três tipos de arroz.
Os produtores nacionais se opuseram às medidas de importação. A Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Fedearroz) solicitou ao governo que cancelasse o leilão da Conab. Fávaro ressaltou que a medida visa garantir a estabilidade dos preços no país, não prejudicar os produtores.
“Estamos com um problema de logística. [O arroz] não consegue sair de lá, não consegue emitir nota [fiscal]”, disse o ministro. Mesmo com rotas alternativas, o custo logístico se tornou um problema. “Vai você contratar um frete agora? Filas, o frete 20%, 30%?”, questionou.
O governo suspendeu, por mais de 100 dias, o vencimento de parcelas de operações de crédito rural após reuniões com a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul).
O Ministério da Agricultura começará a visitar as regiões mais atingidas a partir dos dias 28 e 29 de maio, iniciando por Santa Cruz do Sul, para entender melhor as demandas dos produtores.
“Vou transferir o Ministério da Agricultura itinerantemente para o Rio Grande do Sul, nas regiões afetadas, para ver, in loco, o que precisa em cada região. Começarmos a construir as condições da reconstrução”, disse Fávaro.
Máquinas e equipamentos serão entregues às prefeituras das áreas mais atingidas em uma ação conjunta com bancadas parlamentares.