O fundo soberano da Rússia fechou um acordo com a empresa petroquímica chinesa Haiwei para investir cerca de 7 bilhões de rublos (76,5 milhões de dólares) em um projeto de terminal marítimo no Extremo Oriente da Rússia para o embarque de gás de petróleo liquefeito (GLP), informou a agência de notícias russa Sputnik na quarta-feira.
Com o custo total do projeto estimado em cerca de 30 bilhões de rublos, será o primeiro terminal marítimo de GLP da Rússia no Extremo Oriente.
Embora os detalhes específicos do projeto não tenham sido divulgados, a importância econômica e estratégica do projeto não pode ser subestimada, seja pela ótica do mercado global de energia ou pelas implicações geopolíticas.
Este projeto serve como um marco, mostrando o aumento do envolvimento da Rússia no desenvolvimento do Extremo Oriente e nas parcerias econômicas na região Ásia-Pacífico. Não só exemplifica a colaboração entre China e Rússia no setor de energia, mas também destaca a mudança da Rússia em expandir suas oportunidades de exportação.
O projeto de GLP surge no momento em que a Rússia busca fortalecer os laços econômicos com a região Ásia-Pacífico, uma medida que visa reduzir sua dependência da Europa, que tem colocado crescente pressão sobre sua economia nos últimos anos. Aparentemente, através da expansão da construção de infraestrutura, o foco das parcerias econômicas externas e do crescimento regional da Rússia está gradualmente se deslocando para o Leste, com o objetivo de explorar mercados de exportação diversificados na região Ásia-Pacífico.
A construção do primeiro terminal de GLP no Extremo Oriente pode ser um movimento crucial nesta mudança estratégica.
Com base na trajetória do mercado global de GLP, o estabelecimento do terminal no Extremo Oriente está preparado para expandir significativamente a presença de mercado da Rússia na Ásia. O GLP é um recurso amplamente utilizado em todo o mundo, particularmente na Ásia, onde representa aproximadamente 40 por cento do consumo global. Com grandes economias como China, Japão e Coreia do Sul demonstrando uma forte demanda por GLP, o potencial de crescimento nesta região é substancial.
Por muito tempo, o comércio de energia com a Europa foi um importante alicerce para o desenvolvimento econômico e as relações comerciais da Rússia. No entanto, devido ao conflito Rússia-Ucrânia, a UE em 2022 revelou um plano para acabar com a dependência do bloco dos combustíveis fósseis russos até 2027. De acordo com a agência de alfândega da Rússia, as exportações russas para a Europa caíram mais de dois terços em 2023, à medida que a UE reduziu drasticamente suas compras de petróleo e gás russos. As exportações russas para a Europa caíram 68 por cento em 2023, para 84,9 bilhões de dólares, enquanto as exportações para a Ásia, que substituiu a Europa como principal cliente de energia do país, aumentaram 5,6 por cento, para 306,6 bilhões de dólares.
Neste contexto, o desenvolvimento do mercado Ásia-Pacífico, particularmente o mercado da Ásia Oriental, emergiu como um componente crucial na transformação da estratégia de exportação de energia da Rússia. Ao colaborar com economias regionais, a Rússia pode não só descobrir novas oportunidades de mercado para seus produtos energéticos e aumentar sua presença global em energia, mas também impulsionar a diversificação de sua economia.
É importante notar que, devido ao status da China como um dos maiores consumidores de energia do mundo, canais diversificados de importação de energia são essenciais para garantir sua segurança energética. Apesar das críticas do Ocidente, a cooperação energética tem desempenhado consistentemente um papel significativo na relação econômica e comercial entre China e Rússia, com potencial para um crescimento ainda maior.
Projetos em andamento e vários avanços servem como evidência da crescente colaboração energética entre os dois países.
Por exemplo, no ano passado, os dois países assinaram um acordo que define os termos de cooperação para o fornecimento de gás da Rússia para a China via a rota do Extremo Oriente, incluindo a seção transfronteiriça do gasoduto.
O desvio da Rússia para o Leste na cooperação energética externa é bem fundamentado, alinhando-se com as necessidades regionais, especialmente no setor de gás natural, que possui significativa importância econômica e estratégica para a segurança energética regional e o desenvolvimento global de baixo carbono.
Esperamos sinceramente que a colaboração energética no Extremo Oriente progrida de forma tranquila e bem-sucedida, contribuindo para a prosperidade e desenvolvimento econômico regional.
Por Global Times
Publicado: 16 de maio de 2024 21:57
Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!