A reconstrução no Rio Grande do Sul, após as enchentes históricas deste ano, ainda não tem data para começar.
Engenheiros, urbanistas e o governo do Estado concordam que não será suficiente apenas refazer as estruturas como eram antes. Eventos climáticos extremos mais frequentes exigem novas abordagens para muitas cidades gaúchas.
Entre as sugestões estão a criação de parques no lugar de bairros, construção de casas sobre pilotis e novas barreiras e diques em áreas urbanas. Em casos extremos, cidades inteiras poderão ser realocadas, conforme reportagem do Valor.
“Nós temos uma série de desafios e não dá para descartar, inclusive, termos de remover cidades inteiras do lugar onde elas estão, ou seja, reconstruir cidades em outros locais”, afirmou o vice-governador Gabriel Souza.
Até agora, 452 cidades foram afetadas pelas enchentes, com 77 mil pessoas vivendo em abrigos. As chuvas intensas começaram em 29 de abril. O governo do Estado ainda não detalhou o plano de reconstrução.
Especialistas destacam a necessidade de priorizar a infraestrutura crítica, como estradas e sistemas de abastecimento de água. Vanderley John, professor da Escola Politécnica da USP, sugeriu ao jornal que instalações de água sejam colocadas em locais altos e distantes das áreas de enchente, mesmo que a um custo mais alto.
O governo estima que mais de 700 escolas, hospitais, quartéis da Brigada Militar, Corpo de Bombeiros, delegacias, rodovias, pontes, viadutos, estações de tratamento de esgoto e água, e subestações de energia foram afetados. Metade da infraestrutura do Estado foi destruída ou impactada.
Projetos de remoção em massa tendem a ser complexos e custosos, mas o risco de novas perdas leva parte dos moradores a buscar novas residências.
O governo do Estado determinou que não fossem autorizadas reconstruções em áreas afetadas pelas enchentes. Desassoreamento de rios, sistemas de drenagem, alteamento de pontes e construção de diques são medidas em consideração.
O governador Eduardo Leite apresentou uma estimativa preliminar de custos para a reconstrução: R$ 19 bilhões, que pode aumentar com novos danos. “O Estado não terá condição de fazer, sozinho, todo esse esforço para reconstrução”, disse Gabriel Souza.