Fake news sobre resgates no RS aumentam impopularidade do Governo e Exército, diz pesquisa

REPRODUÇÃO

A disseminação de notícias falsas sobre a atuação do governo federal e do Exército nos resgates no Rio Grande do Sul tem alimentado a insatisfação de parte da população com a resposta dos entes públicos à catástrofe.

Levantamento da consultoria Quaest, a pedido do UOL, mostrou que 70% das menções ao Exército nas redes sociais entre os dias 3 e 10 de maio foram negativas.

A empresa analisou as menções sobre o assunto nas principais redes sociais — X (antigo Twitter), Instagram, Facebook, Reddit, Tumblr e YouTube — e em sites de notícias, utilizando uma ferramenta própria para buscar palavras-chave relacionadas ao tema.

A Quaest coletou uma amostra de mais de 732 mil menções relacionadas ao desempenho das Forças Armadas durante a tragédia no estado, originadas por 146 mil perfis nas redes.

O diretor da Quaest, Felipe Nunes, comentou que não foi possível comprovar se o movimento dos ataques ao Exército foi organizado: “Parece ser bem orquestrado sim. Mas não temos evidências disso. Por isso é difícil afirmar.”

Especialistas consultados pelo UOL veem nos comentários indícios de uma máquina de fake news organizada, articulada na distribuição de desinformação sobre a omissão de socorro no Rio Grande do Sul.

O pico dos ataques ao Exército ocorreu entre os dias 8 e 9 de maio, segundo a pesquisa. Neste período, houve uma intensificação da guerra de narrativas sobre quem ajuda mais os gaúchos: governo e Forças Armadas ou os voluntários.

Diversas publicações nas redes sociais desinformaram sobre o trânsito de doações para o Rio Grande do Sul antes mesmo de uma reportagem do SBT mostrar um caminhão multado por excesso de peso, no dia 7 de maio. Seis de um total de 7.928 veículos foram autuados e liberados.

Posteriormente, a ANTT publicou medidas para orientar o trânsito de ajuda humanitária e informou que as multas seriam anuladas. No entanto, a reportagem foi disseminada como padrão para a situação, ignorando que os outros 7.922 veículos foram liberados sem problemas.

No dia seguinte, quarta-feira, 8, ao menos sete deputados usaram seu tempo de fala no plenário para reproduzir desinformação sobre as enchentes durante sessão na Câmara.

Parlamentares bolsonaristas passaram então a usar as redes para atacar governo e Exército, gerando engajamento negativo para os entes públicos.

A disseminação de fake news por parte de bolsonaristas expõe a decepção deste grupo com o Exército na era Lula.

A pesquisa da Quaest constatou que as reações de internautas e parlamentares às ações das Forças Armadas na tragédia indicam uma mudança de posicionamento entre os dois polos políticos.

Políticos ligados à direita se tornaram os principais críticos das Forças Armadas, enquanto figuras alinhadas à esquerda têm mencionado a instituição de forma mais positiva.

As críticas argumentam que outras pessoas e instituições têm auxiliado mais do que as Forças Armadas no enfrentamento das enchentes no Rio Grande do Sul.

Parlamentares alinhados ao bolsonarismo têm publicado supostas fake news sobre a qualidade dos equipamentos das Forças Armadas e criticado a eficiência logística da instituição, além de apontar suposta demora no auxílio aos afetados.

No lado do governo, a narrativa é diferente: ministros e parlamentares argumentam que o trabalho do governo em conjunto com as Forças Armadas tem salvado diversas vidas durante a tragédia. Influenciadores alinhados ao governo destacam o trabalho ininterrupto do Exército.

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