Preço da soja explode no Brasil com as chuvas no RS e fica mais cara do que nos EUA

FOTO: EDEMIR RODRIGUES

As recentes chuvas intensas no Rio Grande do Sul têm provocado preocupações significativas sobre a produção de soja na região, impactando diretamente os preços do grão tanto no mercado brasileiro quanto no internacional.

Enquanto a Bolsa de Chicago registrou uma valorização modesta de 0,33%, atingindo US$ 12,19 por bushel na última semana, o indicador da Esalq/BM&FBovespa em Paranaguá mostrou uma elevação de 2,05%, chegando a R$ 133,86 por saca, conforme dados do Valor Data.

Analistas de mercado observam uma possível discrepância nos preços da soja entre o Brasil e Chicago. Leandro Guerra, da LC Guerra Corretora de Cereais, destacou ao Valor Econômico a melhoria nos prêmios de exportação da soja brasileira como um indicativo desse descolamento, apontando para as incertezas ampliadas pelas enchentes gaúchas como um fator contribuinte.

Luiz Pacheco, da TF Consultoria Agroeconômica, comentou que a demanda interna por biodiesel, cujo principal insumo é o óleo de soja, sustenta a projeção de preços mais altos no Brasil comparado ao mercado externo.

Em contrapartida, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) recentemente ajustou para cima suas projeções de estoques finais mundiais de soja, sugerindo um excedente de oferta que, segundo Pacheco, não justifica a elevação de preços em Chicago, apesar das perdas na safra gaúcha.

Por outro lado, João Birkhan, CEO da Sim Consult, contesta a noção de descolamento de preços, argumentando que as diferenças ocasionais entre os mercados não indicam uma desconexão sistemática, dada a posição do Brasil como grande exportador de soja.

A flutuação do dólar também teve um papel na recuperação dos preços domésticos da soja, com a moeda americana alcançando R$ 5,30 recentemente, beneficiando a conversão para os produtores brasileiros.

Darcy Pires, da União Corretora, acrescentou que a especulação também influenciou os preços domésticos da soja durante as chuvas, com as tradings oferecendo prêmios temporários pela saca.

Apesar de uma valorização inicial, os preços rapidamente se estabilizaram, com Adriano Borghetti, diretor comercial da Cotrisoja, observando que o mercado já está se ajustando à expectativa de novas informações sobre a safra do Rio Grande do Sul, embora persistam incertezas quanto às perdas finais devido aos contínuos temporais na região.

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