trabalhadores e trabalhadoras paralisaram o país contra a destruição do Estado e dos direitos trabalhistas promovida pelas medidas neoliberais do governo.
Por Bruno Falci, de Buenos Aires, para o Portal O Cafezinho
A Confederação Geral do Trabalho (CGT), principal sindicato da Argentina, e a Central de Trabalhadores y Trabalhadoras da Argentina (CTA) lideraram, nesta quinta-feira (9), uma greve geral de 24 horas em todo o país contra a Lei de Bases, o DNU, o protocolo repressivo contra protestos e todas as políticas econômicas predatórias do governo de extrema-direita de Javier Milei.
Uma greve nacional que afetou os transportes, aeroportos, a educação, a saúde, o comércio, os serviços bancários e todos os setores do país. Centenas de voos foram cancelados. E os transportes públicos pararam.
As principais cidades do país amanheceram paralisadas pela greve dos transportes. Desde a noite de quarta-feira muitas das fábricas iniciaram o movimento. As ruas da cidade de Buenos Aires ficaram desertas. A contundência da greve e as mobilizações massivas dos últimos meses mostraram que há força para derrubar todo o plano de Milei.
Esta é a segunda mobilização incisiva contra o governo, que tomou posse no dia 10 de dezembro. A primeira havia sido em 24 de janeiro e se concretizou com uma greve nacional de 12 horas. Como estava previsto, não houve mobilização nas ruas. Uma importante exceção histórica. Como em todas as quintas-feiras, há mais de 40 anos, as Madres da Plaza de Mayo, fizeram uma manifestação diante da Casa Rosada, sede do governo argentino, sempre em memória dos mortos e desaparecidos na ditadura militar.
Planos econômicos danosos
A greve ocorre num contexto de inflação elevada e descontrolada, com o Governo muito ativo e disposto a avançar com um ajustamento da despesa pública, que contemple quedas acentuadas no poder de compra e no salário-mínimo e controle dos benefícios de aposentadoria. Para que esse plano danoso se concretize, um dos seus objetivos é condicionar a votação da Lei de Bases e do pacote fiscal, duas iniciativas sensíveis para os sindicatos porque incluem uma reforma trabalhista e restituição do imposto de renda.
Héctor Daer, secretário-geral da CGT, ratificou a greve dias atrás. “O impacto gerado pelo ajustamento de preços e tarifas que tem ocorrido com o único intuito de reduzir salários, apenas nos leva a um processo recessivo inaceitável. Por isso tomamos a decisão de convocar uma greve de 24 horas no dia 9 de maio”, disse durante o anúncio da medida.
Todos os sindicatos que integram a Confederação Geral do Trabalho (CGT) aderiram à greve geral: FAECYS (Comércio), UOCRA (Construção), UPCN e ATE (Estadual) FTIA (Alimentação), FATSA (Saúde), UOM (Metalúrgica), UTHGRA (Hotéis e gastronomia), UATRE (Rural), SMATA (Mecânica), Leve e Fuerza (Energia), FNTC (Caminhoneiros), UTA (Transporte Coletivo Urbano), La Bancaria (bancos), CEA (Professores). Além disso, outros sindicatos como administradores de prédios, aviadores, entre outros, também aderiram ao movimento.
“Tudo é a favor dos empresários”
O transporte público foi um dos setores mais afetados pela greve geral porque todos os sindicatos aderiram à medida. O líder do Sindicato Ferroviário, Rubén “Pollo” Sobrero, secretário-geral do trecho Oeste-Haedo da Ferrovia Sarmiento, alertou para a convocação de uma “greve de 36 horas” caso a medida de força convocada nesta quinta-feira pela CGT tenha nenhum efeito na resposta do governo nacional.
“Dos 262 artigos da Lei de Bases, nenhum visa melhorar a classe média ou os trabalhadores. Tudo é a favor dos empresários”, afirmou em declarações ao canal TN. “O Governo não dá respostas, não vos diz nada. Estamos propondo à CGT que se não houver respostas para esta greve, passemos à greve de 36 horas. “Fomos claros: se não houver diálogo, iremos para 36 horas”, concluiu.
A greve está tendo forte impacto nas escolas públicas, já que a maioria dos professores aderiu ao movimento. Professores de escolas particulares também aderiram. Embora as instituições estejam abertas, muitos decidiram não contabilizar as faltas de alunos e professores que não compareceram. A Feira Internacional do Livro de Buenos Aires não aderiu à greve. Apesar do discurso crítico ao governo de Javier Milei, a Fundação El Libro (FEL) informou que deixou os quase 350 estandes expositores decidirem se vão ou não trabalhar. Prevaleceu o apoio à greve.
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