As chuvas no Rio Grande do Sul, que começaram em 29 de abril, já causaram 85 mortes e deixaram 134 pessoas desaparecidas. Segundo a Defesa Civil, cerca de 201,5 mil pessoas foram deslocadas de suas casas, e 1,178 milhão foram afetadas.
O fenômeno climático é considerado o pior da história do estado, superando uma cheia ocorrida nos anos 40. Até a noite de segunda-feira (6), 385 municípios haviam registrado transtornos.
A infectologista Stephanie Scalco alertou ao G1 para o risco de doenças provenientes da exposição à água contaminada. Leptospirose, hepatite A, gastroenterite viral, gastroenterite bacteriana e parasitoses intestinais são algumas das doenças que podem ser contraídas.
“A água tem excrementos humanos e resíduos de fezes. Tudo o que pode ser transmitido por meio de esgoto estará presente nessa água”, declarou a médica.
Os sintomas mais comuns incluem diarreia, vômito e mal-estar, surgindo rapidamente após a ingestão da água contaminada. A leptospirose pode levar até 20 dias para manifestar seus sintomas, que, em casos graves, podem ser fatais.
A especialista recomenda evitar o contato com a água da enchente. Quando isso não for possível, sugere:
- Evitar contato com ferimentos abertos.
- Não submergir na água por mais de 15 minutos.
- Usar roupas que cubram toda a pele.
- Não ingerir a água.
- Fervê-la antes do consumo, caso seja a única fonte disponível.
A Sociedade Brasileira de Infectologia emitiu uma nota recomendando o uso de antibióticos como doxiciclina ou azitromicina para dois grupos:
- Equipes de socorro e voluntários expostos por longos períodos.
- Indivíduos com exposição prolongada, após avaliação médica.
A nota, endossada pela Secretaria Estadual de Saúde e pela Sociedade Gaúcha de Infectologia, alerta que a intervenção não é 100% eficaz, mas pode reduzir os riscos.
A água parada decorrente das enchentes pode intensificar os casos de dengue no estado, segundo Scalco. A última atualização da Secretaria Estadual de Saúde indica que 126 pessoas já morreram de dengue em 2024. “Síndromes febris precisarão ser investigadas para diagnóstico preciso, incluindo leptospirose, hepatite e dengue”, comentou a infectologista.
O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) registrou quase 700 mm de chuva nos últimos dias.
Apesar de uma breve trégua no domingo, o Lago Guaíba permanece acima do nível normal, e rotas importantes em Porto Alegre seguem bloqueadas. O aeroporto Salgado Filho e a rodoviária da capital estão fechados por tempo indeterminado.
Os temporais que assolam o Rio Grande do Sul são impulsionados por correntes de vento, umidade da Amazônia e um bloqueio atmosférico causado pelas ondas de calor, segundo meteorologistas. Mais chuvas são previstas para a semana, agravando ainda mais a situação das regiões já afetadas.
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