Desde sua fundação em 2011 por Gilberto Kassab, o PSD, que se posiciona fora do espectro tradicional de esquerda, direita ou centro, ultrapassou o MDB em número de prefeitos no Brasil. Esse é o resultado de um levantamento realizado pela Folha de S.Paulo após o encerramento do período de trocas partidárias para as eleições deste ano, considerando os dados fornecidos pelos próprios partidos. Apesar de algumas pequenas discrepâncias entre as fontes, há um consenso geral sobre essa nova configuração.
Segundo os dados coletados, o PSD agora conta com pelo menos 1.040 prefeitos, representando um aumento de 58% em relação ao total alcançado nas eleições de 2020. O partido, que é presidido por Kassab — atual secretário de Governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) em São Paulo —, espera ainda alcançar a marca de 1.050 prefeitos. Embora o MDB tenha perdido a liderança, ele também registrou crescimento, passando de 793 prefeitos em 2020 para 916 atualmente, com destaque para os estados do Pará e Alagoas.
Os prefeitos têm a liberdade de mudar de partido a qualquer momento sem perder o mandato. No entanto, aqueles que pretendem concorrer nas próximas eleições tiveram que definir sua filiação partidária até o dia 6 de abril, conforme determina a legislação eleitoral. Desde a posse de Kassab em janeiro de 2021, a migração de prefeitos refletiu transformações no cenário político brasileiro, uma tendência de redução no número de partidos e os efeitos das eleições nacionais e estaduais de 2022.
Além do PSD, outras legendas como Republicanos, PT, Avante e PSB também registraram crescimento significativo. Em contrapartida, partidos como PSDB, Cidadania, Podemos, Solidariedade, PDT e PRD (resultado da fusão entre Patriota e PTB) sofreram redução no número de prefeitos.
O PSD tem se consolidado como uma força importante no cenário político, com forte presença em estados como Paraná e Sergipe, além de exercer influência em São Paulo, onde Kassab teve um papel chave na eleição de Tarcísio em 2022. O crescimento do partido em São Paulo foi particularmente notável, passando de 64 prefeitos em 2020 para 306 em 2023, em um total de 645 cidades.
O PSD também viu um aumento expressivo no número de prefeitos no Paraná, impulsionado pela popularidade do governador Ratinho Júnior, e em Minas Gerais, sob a liderança do senador Rodrigo Pacheco. Além disso, o partido atraiu três prefeitos de capitais eleitos por outras siglas em 2020: Eduardo Paes (Rio de Janeiro), Rafael Greca (Curitiba) e Topazio Neto (Florianópolis).
Com o aumento de prefeitos, o PSD busca reforçar sua posição para lançar uma candidatura própria em 2026, considerando Ratinho como um possível candidato à presidência.
Por outro lado, Baleia Rossi, presidente do MDB, minimiza o avanço do PSD, considerando-o um parceiro e destacando a natureza centrista de ambos os partidos. O objetivo principal do MDB nas próximas eleições é manter o controle da cidade de São Paulo, atualmente governada por Ricardo Nunes (MDB) após a morte de Bruno Covas (PSDB).
O crescimento do PSD reflete um dinamismo no cenário político brasileiro, onde a afiliação partidária e a capacidade de atrair lideranças locais são cruciais para as estratégias eleitorais das siglas.
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