Em 2024, o Brasil marcou seu retorno ao ranking dos 25 destinos mais atraentes para o Investimento Estrangeiro Direto (IED), conforme um estudo elaborado pela consultoria Kearney. O país ocupa agora a 19ª posição, representando seu melhor desempenho desde 2017 e uma significativa melhoria em relação aos anos anteriores, quando esteve ausente do ranking em 2023 e em outras ocasiões ao longo dos últimos 25 anos.
Dentro do grupo das economias em desenvolvimento, o Brasil avançou duas posições, classificando-se como o quinto destino mais atrativo, superando o México e ficando atrás apenas de gigantes econômicos como China, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Índia.
Mark Essle, sócio da Kearney no Brasil, expressou otimismo com o retorno do Brasil ao ranking, apesar de reconhecer que o país ainda não alcançou os altos patamares observados nos anos 2000 e início da década de 2010, quando chegou a ocupar a terceira posição. Segundo ele, o Brasil está gradualmente recuperando sua visibilidade após uma série de crises, beneficiando-se da fragmentação atual do comércio mundial e do interesse renovado de investidores institucionais em diversificar seus investimentos.
O índice de confiança do IED da Kearney é baseado em entrevistas com executivos de grandes empresas internacionais, revelando tendências sobre onde estes investimentos serão direcionados nos próximos três anos. Para 2024, um número crescente de executivos, 88% dos entrevistados, demonstraram intenção de expandir seus investimentos, em comparação com 82% no ano anterior.
Essle destacou o benefício geográfico do Brasil, situado próximo aos Estados Unidos, uma economia em forte desempenho, e a tendência do “nearshoring”, onde empresas multinacionais buscam proximidade com suas sedes principais. Além disso, ele apontou a habilidade do Brasil em manter relações equilibradas com a China e a Europa, permitindo ao país navegar sem compromissos exclusivos entre esses blocos econômicos.
A edição de 2024 do ranking também refletiu uma mudança nas prioridades dos investidores institucionais, com um aumento na importância atribuída à eficiência regulatória e à facilidade de mobilidade de capitais, que superaram preocupações anteriores como transparência regulatória e taxas de juros. A inovação tecnológica continuou a ser um dos principais atrativos, especialmente para países desenvolvidos.
No caso do Brasil, o foco dos investimentos estrangeiros tem se concentrado em setores como mineração e agronegócio. Essle enfatizou a importância de aproveitar o atual influxo de capital para melhorar a infraestrutura e atender ao aumento da demanda por exportações, sem repetir erros passados de crescimento econômico insustentável.
O ministro dos Transportes, Renan Filho, mencionou planos para atrair R$ 180 bilhões em investimentos em infraestrutura de transportes nos próximos três anos, visando potencializar a produção de bens com baixa emissão de carbono. Essle também comentou sobre a vantagem competitiva do Brasil devido à sua matriz energética mais limpa e como isso pode ser estratégico em um mercado europeu cada vez mais preocupado com a pegada de carbono.
Além do Brasil, a Argentina também retornou ao ranking pela primeira vez desde 2013, na 24ª posição. A gestão de Javier Milei, prometendo reformas para estabilizar a economia, foi vista como um fator de atratividade para investidores, especialmente no contexto de recursos naturais valiosos para a transição energética.
Globalmente, enquanto os Estados Unidos continuaram no topo do ranking pelo 12º ano consecutivo, a China recuperou a terceira posição, beneficiada por políticas de liberalização do controle de capitais. As economias emergentes mostraram uma melhoria geral em 2024, com 84% dos entrevistados expressando intenções de manter ou aumentar investimentos nesses mercados, um aumento de três pontos percentuais em relação a 2023. Este interesse renovado é parcialmente atribuído à crescente tendência de nearshoring.
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