A Polícia Federal desmantelou uma operação de lavagem de dinheiro vinculada ao tráfico internacional de drogas, centrada em um banco criado especificamente para esse fim, conhecido como First Capital Bank. A instituição foi estabelecida há quatro anos e veio à tona após uma denúncia anônima recebida em 2022.
A denúncia inicialmente levou a PF a um sítio em Curuçá, Pará, onde foram encontrados mais de uma tonelada de cocaína e resultou na prisão de duas pessoas, conforme informações do G1.
Essa descoberta foi o ponto de partida para uma série de investigações que culminaram na operação de 4 de abril, que resultou na prisão de 12 pessoas e na apreensão de computadores, carros de luxo, dinheiro e joias em São Paulo. A Justiça Federal ordenou a suspensão das atividades do banco e o bloqueio dos valores em suas contas.
Os criminosos utilizavam pescadores locais para transportar a cocaína em barcos pesqueiros com fundos falsos, destinando a droga principalmente para Europa e África.
O dinheiro obtido era então lavado através do First Capital Bank. Investigações revelaram que os proprietários do banco captavam pessoas físicas e jurídicas, muitas delas como laranjas e empresas de fachada, para movimentações financeiras que excederam R$ 50 milhões entre 2022 e 2023.
Lucas Gonçalves, delegado da Polícia Federal do Pará, destacou que a quantia identificada pode ser apenas uma fração do total movimentado pelo grupo criminoso.
Entre os sócios majoritários do banco estão Regiane Pereira de Oliveira, Nelson Piery da Silva e Nailton Rodrigues Coelho. Piery fugiu pouco antes da operação policial, enquanto Nailton foi preso; Regiane ainda não foi localizada e é considerada foragida.
A investigação continua, focando na origem dos recursos e na estruturação do banco, além da cooptação dos envolvidos.
A região do Pará é estratégica para o tráfico devido à sua proximidade com países produtores de cocaína e suas rotas de escoamento por terra e rio, facilitando a distribuição discreta através de pequenas cidades como Curuçá.
O First Capital Bank, embora registrado na Junta Comercial de São Paulo e ativo na Receita Federal, nunca foi autorizado pelo Banco Central a funcionar como instituição financeira, e a Federação Brasileira de Bancos confirmou que não está cadastrado em seu sistema.