Empresas imobiliárias ligadas à gestora de ativos Brookfield realizaram transferências de ao menos R$ 3,3 milhões para contas de uma empresa pertencente à advogada Érika Andrade de Almeida Araújo, esposa do delegado Rivaldo Barbosa de Araújo Júnior, implicado no assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes.
A informação provém de investigações da Polícia Federal baseadas em dados do Coaf que foram reportados pelo UOL.
O relatório da Polícia Federal revela que a empresa Armis, registrada em nome de Érika, foi usada para camuflar pagamentos direcionados ao delegado Rivaldo Barbosa.
Na época do crime, Barbosa ocupava o cargo de chefe da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro, sendo promovido a chefe de polícia dez dias após o assassinato.
De acordo com o relatório, Rivaldo Barbosa teria recebido R$ 400 mil para assegurar a impunidade dos supostos mandantes do crime, os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, atualmente detidos preventivamente.
O relatório do Coaf detalha que entre 2016 e 2020, a Armis recebeu R$ 3,9 milhões de diversos fornecedores, com 84% desse total oriundo de empresas do setor de construção e imobiliário controladas pela Brookfield.
As investigações destacam que a Armis, formalmente uma consultoria de gestão empresarial, operava como uma empresa de fachada gerenciada por Rivaldo Barbosa. Provas coletadas incluem comunicações entre Barbosa e clientes da Armis, que reforçam a sua administração direta na empresa.
A defesa de Érika e Rivaldo Barbosa não se manifestou sobre as acusações. A Brookfield, por meio de suas subsidiárias Tegra e Erbe, confirmou a contratação da Armis para serviços de consultoria em segurança, porém afirmou que tais contratos foram finalizados antes de 2020.
As investigações continuam, delineando um quadro de operações financeiras complexas e suspeitas em meio a um caso de grande repercussão nacional.