A senadora Janaína Farias (PT) anunciou que processará o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), após ele se referir a ela como “assessora de assuntos de harém” em uma entrevista ao site A Notícia do Ceará.
Farias, que assumiu o cargo no Senado no início de abril após a licença da titular Augusta Brito, expressou sua indignação com as declarações de Gomes. “Fiquei extremamente indignada”, disse a parlamentar.
Em declarações ao Jornal O Globo, Farias argumentou a importância de não deixar este tipo de violência sem resposta.
“Não é possível que esse tipo de violência fique impune. Se não fizermos nada, outros homens podem se sentir confortáveis para continuar fazendo esse tipo de ataque às mulheres”, afirmou a senadora, explicando sua decisão de levar o caso à justiça.
A senadora Farias é a segunda suplente de Camilo Santana, ministro da Educação, e tomou posse após a primeira suplente, Augusta Brito, se licenciar para ocupar o cargo de secretária de Articulação Política do Ceará, sob a gestão de Elmano de Freitas.
Leia aqui a íntegra da entrevista original da senadora ao Globo!
Globo: O que a senhora sentiu ao assistir as falas do ex-governador Ciro Gomes?
Fiquei extremamente indignada. Apesar de conhecer o histórico deste senhor, não acreditava que pudesse chegar tão baixo. Acredito que as mágoas e derrotas que ele acumula terminaram por ser liberadas de forma violenta em um alvo que ele acreditava ser mais frágil: uma mulher. É lamentável que esse tipo de discurso ainda persista, principalmente vindo de alguém que há tantos anos está na política. Toda essa experiência que ele diz ter não parece ter servido para nada. Misoginia, machismo e violência política de gênero parecem ser o único aprendizado que ele teve ao longo do tempo.
Globo: Foi a primeira vez que passou por um episódio de misoginia na política?
O mundo da política não é diferente do restante. A misoginia está presente nele como está no mundo todo. Ao longo dos anos, aprendi que é preciso se fazer valer como profissional em qualquer área. Nós, mulheres, precisamos de muito mais esforço do que os homens para alcançarmos nossas metas.
Globo: Gostaria de rebater às declarações do ex-governador?
Creio que o repúdio a esse senhor por parte da sociedade e da classe política que reconhecem em mim a seriedade e o histórico da minha vida profissional e pública servem como resposta. O restante da resposta deve ser dada por meio da Justiça.
Globo: A senhora já acionou as autoridades?
Ele irá responder por mais esse absurdo na Justiça. Não é possível que esse tipo de violência fique impune. Se não fizermos nada, outros homens podem se sentir confortáveis para continuar fazendo esse tipo de ataque às mulheres.
Globo: A senhora esteve em cargos de assessoria durante o governo de Camilo Santana, no Ceará, e chegou a assumir uma secretaria no Ministério da Educação. Houve acolhimento por parte de seus pares?
Tive um enorme acolhimento. Não só por parte das mulheres, mas também proveniente de diversos homens que não admitem esse tipo de atitude. O PT Cearense se pronunciou a respeito com uma nota contundente. Em Brasília, além da direção nacional do partido, recebi manifestações de apoio da Secretaria Nacional de Mulheres do PT e da bancada no Senado. A bancada feminina no Senado protestou contra as declarações e recebi também manifestações de apoio de diversos outros senadores de outros partidos.
Globo: A senhora assumiu o mandato no início de abril. Pretende explorar a pauta das mulheres na política neste período em que estará no Senado Federal?
Cada mulher que alcança um cargo de proeminência na política termina por servir de exemplo a outras mulheres que veem nela uma possibilidade a ser alcançada. Defender a causa feminina é parte essencial de uma mulher na política. Mais mulheres no poder é saudável para o país e para a política.
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