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Manutenção de prisão de Brazão mostra que Congresso não é intransponível

Uma das maiores justificativas de qualquer apoiador do presidente Lula para as críticas ao governo é sempre a dificuldade de se construir maiorias ou votos na casa que atualmente possui, sim, um viés mais conservador. Porém, a manutenção da prisão do deputado Domingos Brazão no plenário da Câmara dos Deputados mostrou que o Congresso não […]

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Fachada do Congresso Nacional. Sérgio Lima/Poder360 14.04.2021

Uma das maiores justificativas de qualquer apoiador do presidente Lula para as críticas ao governo é sempre a dificuldade de se construir maiorias ou votos na casa que atualmente possui, sim, um viés mais conservador.

Porém, a manutenção da prisão do deputado Domingos Brazão no plenário da Câmara dos Deputados mostrou que o Congresso não é esse muro intransponível que tentam colocar. Apesar do teor da votação e da proximidade com as eleições presidenciais, o fato é que de um lado tínhamos o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), e o ex-presidente da casa, Eduardo Cunha (PTB), e do outro, o governo.

O governo se envolveu diretamente na votação e agiu para que a prisão fosse mantida, saindo vitorioso. Além disso, o resultado marca mais uma pauta em que Bolsonaro se envolve diretamente e perde. O PL só conquistou as comissões que queria justamente porque a articulação não passou pelo ex-presidente.

Foi uma votação apertada, com apenas 20 votos acima dos necessários para a manutenção da prisão, mas mesmo assim, o governo venceu. Por outro lado, essa vitória também deixou ainda mais evidente que antes de olhar para a malfadada comunicação, o governo precisa urgentemente aparar as arestas da sua articulação política, que hoje parece ter uma visão estrábica sobre seus interesses e objetivos.

É imperioso que as brigas em que o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), está envolvido sejam findadas, que o papel do ministro no governo seja revisto ou melhor delineado, e que as cizânias entre ele e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), também cessem. Hoje o cenário é que cada um tem o seu time, quando todos deveriam estar no mesmo time.

Os ministros precisam colocar mais os pés no Congresso e conversar mais com os parlamentares. Até mesmo as visitas de cortesia entre ministros e parlamentares da própria base mal ocorrem. A mais recente foi entre o deputado Rogério Correia e o ministro Paulo Pimenta (PT), ocorrida esta semana.

Já o líder do governo no Senado, o senador Jaques Wagner (PT), embora esteja constantemente com o ministro Alexandre Padilha, precisa parar de achar que sua proximidade com o presidente lhe permite ter posicionamentos pessoais. Não pode. A coisa mais comum que se escuta no Senado, até mesmo de aliados, é que o senador está “de saco cheio”.

Por fim, é imperativo que o governo se aproxime mais de suas lideranças, principalmente o presidente.

O governo vai conseguir aprovar pautas mais à esquerda seguindo essa fórmula? Difícil, mas pelo menos deixaria de passar tanto calor e sufoco a cada pauta que envia para a casa.

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Cleber Lourenço

Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_

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