Em uma demonstração clara de alinhamento estratégico, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, encontrou-se com o presidente chinês Xi Jinping na última terça-feira, 9, consolidando ainda mais a parceria entre os dois países.
Esta reunião ocorreu logo após a visita da Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, à China, marcando um período de intenso diálogo internacional sobre as relações estremecidas entre a China, a Rússia e o Ocidente.
O encontro entre Lavrov e Xi, particularmente na sequência da visita da autoridade americana, foi interpretado como uma clara “mensagem” ao Ocidente sobre o apoio da China à Rússia em face de eventuais escaladas no conflito ucraniano.
O advogado e jornalista Dimitri Lascarus, em declarações à Sputnik, salientou a importância do timing destes eventos, destacando a reunião como um sinal inequívoco do apoio chinês à Rússia contra as pressões ocidentais.
Lascarus também comentou sobre as tensões crescentes envolvendo a Ucrânia, incluindo declarações do Presidente francês Emmanuel Macron sobre o envio de tropas francesas para a região, que poderiam ser vistas por Moscou e Pequim como provocações deliberadas.
“É claro que temos esse drama em curso com o pequeno Napoleão na França [o presidente francês] Emmanuel Macron, falando sobre enviar alguns milhares de tropas francesas para morrer em Odessa. Não me surpreenderia se isso fosse interpretado pelos governos russo e chinês como uma tentativa de provocar a Rússia a um ataque direto a um país da OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte]“, afirmou.
Essa percepção, segundo ele, reforça a aliança sino-russa em resposta às políticas ocidentais percebidas como agressivas.
“Acho que enviando uma mensagem de que a China apoiará a Rússia se isso se intensificar. E ninguém deveria ter ilusões sobre isso”, explicou Lascarus. Para ele, o encontro representou um “sinal inequívoco de que a China apoiará a Rússia no caso de isso sair do controle”.
Além disso, Lascarus apontou para o crescente descontentamento público no Ocidente em relação ao conflito na Ucrânia, com muitos cidadãos europeus e americanos questionando a direção das políticas de seus governos.
“[A França] tem sido um dos principais arquitetos dessa desastrosa política na Ucrânia. Portanto, já estamos vendo que os dias políticos desses personagens estão contados”, avaliou.
“A verdadeira questão que temos que enfrentar como cidadãos do Ocidente é se temos uma alternativa real, competente, ética e fundamentada a essas pessoas. Eu não sei se temos. Mas uma coisa é certa, o público já está cansado e está a caminho da porta”, completou.
O especialista sugeriu que as ações ocidentais estão, paradoxalmente, incentivando a aproximação entre Rússia e China, enquanto a opinião pública ocidental se torna cada vez mais crítica à gestão da crise ucraniana.