Há uma razão bastante objetiva para o entusiasmo de Lula com o conceito geopolítico de Sul Global. As oportunidades comerciais para o Brasil, junto aos países que partilham dificuldades e desafios semelhantes aos nossos, são extremamente promissoras.
Não se trata apenas de uma esperança, mas de uma realidade concreta que já pode ser vista em nossa balança comercial com uma das regiões menos desesnvolvidas do Sul Global, a África.
Nos últimos 12 meses até março de 2024, o saldo comercial do Brasil com o continente africano chegou a US$ 7 bilhões, um crescimento superior a 105% sobre o período anterior.
O Brasil exportou US$ 14 bilhões para o continente africano no acumulado de 12 meses até março, e importou US$ 7 bilhões. Daí o saldo positivo de 7 bilhões de dólares.
Com esses números, a África se torna, como bloco, um dos principais parceiros comerciais do Brasil, à frente de alguns parceiros tradicionais como América Central, Comunidade Andina e Mercosul.
Vale lembrar que a relação do Brasil com EUA e Europa é de empate comercial ou negativa.
O saldo comercial do Brasil com os Estados Unidos, nos últimos 12 meses, foi positivo em US$ 1,3 bilhão, o que já é uma melhora expressiva, pois foi fortemente negativo nos anteriores.
Em relação a Europa, o nosso saldo comercial foi deficitário em quase 8 bilhões de dólares nos últimos 12 meses.
O crescimento do saldo, porém, se deu mais por conta da queda das importações brasileiras de produtos africanos do que do aumento das exportações.
Nos 12 meses até março deste ano, o Brasil exportou US$ 13,68 bilhões para países africanos, alta de 6% sobre o período anterior.
Já as importações caíram de 9 para 7 bilhões de dólares.
Quais os países que mais compraram produtos brasileiros?
As exportações brasileiras para a África se concentraram em 6 países: Egito, Argélia, África do Sul, Marrocos, Nigéria e Líbia, os quais, somados, responderam por 67% de todas as exportações brasileiras para o continente.
Alguns países se destacaram pelo aumento de compras do Brasil. A Argélia aumentou suas importações em 19%, para US$ 2,43 bilhões. A Líbia ampliou suas compras de produtos brasileiros em quase 70%, para US$ 559,7 milhões em 12 meses.
Em 2023, os principais produtos brasileiros exportados para a África foram açúcar, carnes, cereais, soja, petróleo e minérios. Mas chamou a atenção também o aumento de 37% das exportações de máquinas industriais para a África, sinal de que o continente pode ser um excelente mercado para a indústria nacional, e, com isso, contribuir para o projeto do governo Lula de reindustrialização da economia nacional.
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