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A bagunça governamental

O governo voltou a enfrentar dificuldades no Congresso Nacional (lembro aqui da confusão das comissões), nas taxas de aprovação e até mesmo na governança cotidiana, como é o caso da briga entre o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Para piorar, caminhando para o final da […]

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O governo voltou a enfrentar dificuldades no Congresso Nacional (lembro aqui da confusão das comissões), nas taxas de aprovação e até mesmo na governança cotidiana, como é o caso da briga entre o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

Para piorar, caminhando para o final da primeira metade do segundo ano de mandato, a tão falada reforma ministerial fica cada vez mais distante. Falava-se do final do ano passado, depois do início deste ano, depois em março e agora já se fala para depois de outubro.

Esta semana mesmo voltou a circular o boato de que Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social) iria para o posto de ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, hoje ocupado pelo petista Márcio Macedo. No lugar de Pimenta, teríamos Edinho Silva, atual prefeito de Araraquara (SP). A coluna chegou a apontar essa possibilidade ainda em janeiro.

O estopim para que essa ferida, nunca cicatrizada, do governo fosse aberta novamente foi o conflito entre Prates e Silveira, que ilustra perfeitamente o que se tornou esse governo, com poucos ministros atuando de maneira coletiva com o governo, enquanto outros ficam ilhados em seus gabinetes. Não dialogam com a sociedade, com parlamentares e nem com outros ministros, uma lástima.

Nessa confusão toda, Silveira passou a fritar e pedir a cabeça de Prates publicamente. Há quem diga que as chances de que o atual presidente da Petrobras realmente seja rifado. E caso esse realmente seja o desfecho da peleja, não poderia ser pior.

Sem fazer qualquer juízo de valor sobre a figura de Prates ou de seu trabalho à frente da estatal, se Lula decidir pela saída do atual presidente, dará aval para que outros ministros promovam brigas públicas contra desafetos e isso certamente, em nada contribuiria para que o governo resolvesse os problemas atuais ou futuros.

No outro lado da Praça dos Três Poderes, temos um cenário de desorganização absoluta nas relações entre governo e Congresso Nacional, e boa parte disso acaba concentrado na figura de Rui Costa (PT), ministro da Casa Civil, que não é bem visto nem mesmo entre as lideranças da base governista e demais aliados do governo.

Uma das fontes consultadas pela coluna disse que “ele não faz articulação” e que “gera entraves”. “Muitas vezes são os vice-líderes do governo que precisam ficar resolvendo os conflitos que ele gera”, completou a fonte. Na câmara, não faltam aqueles que apontam os dedos para a dobradinha entre o deputado José Guimarães (PT) e Costa.

Sobre Guimarães, outra fonte pontuou: “José Guimarães não é tão alinhado com Lira. Inclusive, Lira não o acha confiável, porque ele não cumpre o combinado, e Lira é famoso por cumprir seus compromissos”.

Inclusive na Câmara, a percepção majoritária é a de que a trava nas emendas e indicações em cargos de segundo e terceiro escalão no governo que recaiu sobre o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) tinha origem em Rui.

A crise entre Câmara e governo só acabou quando Lula entrou no jogo para destravar os acordos, já que Padilha não tinha qualquer voz para resolver a situação com o ministro da Casa Civil.

No Senado, também há o entendimento comum de que Jaques Wagner, líder do governo na casa, está “cansado” e que, até pela proximidade com Lula, fará o que bem entender sem prestar muitas contas ao governo. Embora esteja quase que diariamente com Padilha em recorrentes almoços e tenha uma excelente relação com o ministro. A situação vem irritando profundamente aliados do governo na casa.

Vale lembrar também que conforme revelado por esta coluna, até mesmo a ex-presidente Dilma Rousseff criticou a atual articulação política do governo.

Se o Palácio do Planalto não fizer um freio de arrumação para organizar seus ministros, não haverá estratégia de comunicação, ajuste no discurso ou benesse fiscal para igrejas que irá melhorar a situação do governo. Nisso até vale uma observação de que talvez as falhas na comunicação tenham servido como camuflagem para o descalabro ministerial que se desenhava.

Os sinais estavam todos ali, basta ver a bronca que Lula deu nos ministros que queriam inventar “novidades” sem consultar o governo. Daquele momento em diante, o trem apenas terminou de descarrilar e nunca mais retornou aos trilhos.

É claro que a velha história de que Lula sofre também um um “excesso” de filtros e por isso acaba sendo surpreendido também voltou à carga com algumas hipérboles adicionais. Quase que colocando o presidente como um ingênuo e frágil idoso. História que só é conveniente para dois grupos de pessoas: aqueles que querem derrubar os atuais assessores do presidente e aqueles que querem eximir o presidente de qualquer culpa pela confusão atual. Porém, também não é de toda mentira a história de que o governo sofre com seus “pontos cegos”.

Ao final deste ano, o governo estará em sua segunda metade, com 2026 sendo ano eleitoral. Para além da comunicação, para além de todo o resto, o governo precisa compor um governo.

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Cleber Lourenço

Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_

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Comentários

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tony

06/04/2024 - 09h46

Que aberraçào fascistoide vergonhosa se tornou o Brasil hein…?

O que dizem os auto eleitos detentores e defensores da democracia (que promovem em primeira pessoa esse lixo)…?

https://www.poder360.com.br/justica/por-que-exige-tanta-censura-no-brasil-pergunta-musk-a-moraes/

bandoleiro

06/04/2024 - 08h56

Banana Prata hoje: 14,90 R$/kg

Fanta

06/04/2024 - 06h40

Este “governo” não manda em nada, sem mensalão e petrólão rolando essa “gente” está perdida completamente.

Um governo eleito pelo exército do bolsa família a mando DO STF não tem vida longa…a hora de por gente na rua para os brasileiros que não vivem de dinheiro dos outros se livrar deste estrume vai chegar…

Ademir

06/04/2024 - 01h10

Nossa, essa materia está totalemente baseada na propraganda da velha imprensa. Pergunto: O que você quer com isso. Pautar?


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